Para Banco do Brasil, aumento da oferta reduz risco de crédito

A campanha que vem sendo empreendida pelos bancos públicos para ampliar o volume de empréstimos e financiamentos resultará em redução e não em aumento do risco de crédito dessas instituições, segundo o vice-presidente de Negócios de Varejo do Banco do Brasil, Alexandre Abreu, diante dos questionamentos sobre o efeito desse esforço na qualidade das carteiras de operações.

“O tomador de crédito que está nos procurando agora é, principalmente, o mais conservador, aquele que não vinha antes porque achava que as taxas de juros estavam altas e não valiam a pena”, diz Abreu. Impulsionada pelos cortes de juros, essa procura tende a reduzir ou, no mínimo, a não aumentar a inadimplência pois, na sua opinião, os tomadores mais resistentes são justamente os mais zelosos em relação à sua capacidade de se endividar e de se manter em dia com os pagamentos.

Abreu assegura que, pelo menos no Banco do Brasil, não houve qualquer afrouxamento dos critérios de avaliação de risco para concessão de empréstimos e financiamentos. “Nossa política de crédito, nesse aspecto, não mudou nada. É exatamente a mesma”, assegurou.

Deflagrada em 12 de abril e ancorada em muita publicidade, a campanha do banco para incrementar seus negócios, chamada “Bom pra todos”, envolveu mais do que cortes de taxas de juros. Houve também uma elevação de R$ 43,1 bilhões nos limites de crédito pré-aprovado de pessoas físicas e jurídicas. O vice-presidente disse que é um equívoco achar que isso tenha sido um relaxamento da preocupação com a inadimplência. Segundo ele, o aumento decorreu de mera atualização de informações usadas nas análises de risco.

Os dados tiveram que ser adaptados às mudanças no SCR, sistema de informações sobre operações de crédito mantido pelo Banco Central e do qual os bancos são usuários. Em fins de março, o SCR passou a capturar operações a partir de R$ 1 mil e não mais só a partir de R$ 5 mil, o que ampliou o universo de pessoas cadastradas no sistema. A alteração permitiu visualizar a situação de mais gente junto ao sistema financeiro como um todo. Em consequência, argumenta Abreu, muitas dessas pessoas tiveram melhora na classificação de risco pelo BB, porque tinham menos dívida do que se supunha junto a outras instituições.

Os primeiros números de maio mostram, segundo o executivo, que a campanha “Bom pra todos” está funcionando bem. O volume de recursos desembolsados pelo BB em todas as linhas de crédito a pessoas físicas chegou a R$ 9,862 bilhões no mês, ante R$ 9,306 bilhões em março. Abril não serve para comparação, pois a campanha começou quase na metade do mês. A liberação de recursos para financiamento de veículos, aí incluída, foi a que proporcionalmente mais cresceu, saindo de R$ 256 milhões, em março, para R$ 769 milhões, em maio.

As concessões de crédito novo a micro e pequenas empresas também subiram expressivamente, atingindo R$ 10,266 bilhões em maio. Em março, haviam chegado a R$ 8,329 bilhões. Em 2009, quando a crise internacional de liquidez provocou queda do PIB brasileiro, os bancos públicos também registraram expansão mais significativa de operações de crédito, o que ajudou na retomada da atividade econômica em 2010.

Naquele ano, a inadimplência desse segmento do sistema financeiro subiu, fechando dezembro em 2,7%. Mas depois entrou em trajetória de queda e em abril de 2012 já era de apenas 2%, tomando como critério dívidas com pagamentos em atraso há mais de 90 dias sobre o total de empréstimos e financiamentos com recursos livres e direcionados.

O número é influenciado pelas operações do BNDES, que são de baixíssima inadimplência. No BB especificamente, a inadimplência é um pouco mais alta, 2,6%, ainda assim abaixo da média do sistema financeiro como um todo e mais ainda da dos bancos privados. Na soma de bancos públicos e privados, o percentual era de 3,8%, por causa da inadimplência de 5,1% no sistema financeiro privado.

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