Presidente da CUT cobra que pasta vá além das suas atuais atribuições
Durante a abertura do encontro do Coletivo Nacional de Saúde do Trabalhador da CUT, ocorrido nesta terça-feira (2), em São Paulo, o presidente da Central, Vagner Freitas, apontou a necessidade de a classe trabalhadora ampliar a representatividade no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff.
Para ele, o primeiro passo é fazer com que o Ministério do Trabalho tenha um papel de protagonista. Acima de nomes, o dirigente ressaltou a urgência de estabelecer um novo caráter à pasta.
“O Ministério não é só para fazer registro sindical, mas para fomentar crescimento e desenvolvimento. Tem que ter assento no Conselho Monetário Nacional para discutir política econômica, tem que ser responsável pela política de formação profissional. E deve também estar inserido no debate sobre desenvolvimento regional, porque não se discute desenvolvimento sem trabalhador”, pontuou.
Vagner ressaltou, porém, que a CUT não quer ficar restrita a debate os rumos desse ministério porque outros temas atingem a vida do trabalhador. Para exemplificar ele citou a necessidade de o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior não ficar limitado ao papel de pressionar por isenção fiscal, mas ter como função primordial definir um projeto para 30 anos voltado à indústria e, dessa forma, disputar o orçamento para que os recursos não fiquem restritos aos rentistas.
“Queremos discutir a condução da política, porque se não tivermos crescimento de 1,5% a 2% do PIB (Produto Interno Produto), teremos dificuldades em manter o emprego”, definiu ele, para quem a Central deve promover um grande movimento em defesa da carteira assinada, contra a rotatividade, a terceirização e a informalidade.
Governo em disputa
Apesar de citar que a visão de desenvolvimento e não o nome dos ministros é a prioridade, Vagner afirmou que questionou a presidenta sobre a manutenção da política de valorização do salário mínimo, a expansão do mercado interno, o barateamento do crédito e o controle da inflação, diante da indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. E ouviu da presidenta o compromisso de manter essa modelo como uma política de governo eleito por 54 milhões de votos.
Para ele, porém, a continuidade e avanços nessas ações depende da capacidade de vencer a disputa com mobilização e intervir em espaços onde o movimento sindical tem dificuldade de atuar e enfrenta resistência, como o Poder Judiciário, os grandes meios de comunicação e o Congresso conservador comandado pelo agronegócio.
“O governo é de enfrentamento e disputa. A coalizão que elegeu Dilma não é de esquerda e está ladeada de conservadores. Precisamos construir nossas reivindicações sabedores da conjuntura com a qual convivemos e sem tentar soluções do passado para problemas do presente, que são distintos do que já vivemos. Nossa disputa é institucional também, mas fundamentalmente nas ruas. O poder vem das ruas, da militância”, definiu.
Protagonismo
A construção da agenda de reivindicações terá como marco o 12º Congresso Nacional da CUT (CONCUT), previsto para outubro de 2015, e que deve ir além da definição da próxima direção.
“Teremos de ter sindicatos aguerridos nos próximos quatro anos e o Congresso da CUT deve servir para tirar propostas políticas para cada área da economia e da sociedade brasileira. Precisamos colocar na ordem do dia o Plebiscito Constituinte para a Reforma Política, pautar a regulação da mídia, e a reforma tributária. Precisamos encarar essas questões como se fossem pautas das nossas campanhas salariais para não corrermos o risco perder as nossas conquistas”, falou.
A pressão, conforme alertou, será forte, e o embate nas ruas por conta do surgimento de uma agenda de direita que começou a dar as caras em uma pequena parcela de manifestantes que integraram as jornadas de junho de 2013.
“Aquelas mobilizações foram um treino que fizeram para as eleições e o momento é de comemorar a vitória duríssima, porque eles colocaram o pescoço de vez para fora da janela. Essa direita que, primeiro, dizia que não íamos ganhar e, agora, que não valeu a pena ganhar, porque a agenda que estaria em pauta seria a conservadora. Mas, se nada estivéssemos fazendo, caso só tivessem perdido o governo e estivessem plenamente contemplados pelas políticas, não teriam motivos para fazer enfrentamento de ódio e classe”, alertou.