PanAmericano receberá investimentos de R$ 14 bilhões da Caixa e do BTG

Folha de São Paulo
Mario Cesar Carvalho

A Caixa Econômica Federal e o BTG Pactual vão comprar R$ 14 bilhões em títulos e carteiras de crédito do banco PanAmericano para que ele possa funcionar em condições competitivas, segundo a Folha apurou com executivos dessas instituições.

A decisão foi endossada pelo conselho do PanAmericano em reunião anteontem. A injeção indireta será anunciada na segunda, em um comunicado (“fato relevante”).

A proporção que cada um dos sócios do PanAmericano colocará não será igual, apesar de terem praticamente o mesmo percentual de ações do antigo banco de Silvio Santos: a Caixa comprará R$ 10 bilhões, e o BTG Pactual, R$ 4 bilhões.

Os R$ 10 bilhões da Caixa serão aplicados na compra de carteiras de crédito (R$ 8 bilhões) e em certificado de depósito interbancário (R$ 2 bilhões). Os R$ 4 bilhões do Pactual serão aplicados em CDI, um título similar ao CDB, mas que é comercializado só entre bancos.
O BTG comprou na segunda-feira 37,64% das ações do PanAmericano por R$ 450 milhões. Em dezembro de 2009, a Caixa havia adquirido 36,56% do capital total por R$ 739,27 milhões.

A Caixa diz que esses negócios não foram discutidos na reunião do conselho do PanAmericano. Nega também que haverá comunicado ao mercado. O BTG Pactual não quis se pronunciar.

Executivos do PanAmericano ouvidos pela Folha, sob a condição de anonimato, dizem que não há um uso político da Caixa na compra em proporções tão distintas.

A diferença, de acordo com essas avaliações, deve-se a dois fatores: 1) a Caixa tem ativos que valem mais de dez vezes os do BTG Pactual (R$ 400 bilhões, ante R$ 32,6 bilhões); 2) a Caixa tem mais interesse sobre o PanAmericano porque o banco faz operações que ela é proibida de fazer por ser um banco público. A mais interessante dessas operações é o leasing.

As ações preferenciais do PanAmericano já subiram 54,9% desde a sexta-feira passada, resultado de dois dias de forte valorização na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Após avançar 22,5% na segunda-feira, o papel galgou mais 26,4% na rodada de ontem.

A valorização dos últimos dias é muito forte, mas ainda insuficiente para cobrir o desastre do ano passado, quando esse mesmo papel caiu mais de 60%, após a descoberta do rombo. A procura pela ação também continua bastante forte: ontem foram R$ 156,6 milhões em negócios, mais do que o giro das ações do Banco do Brasil e do Santander somados.

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