O Estado de São Paulo
Jamil Chade, correspondente em Genebra
A ideia de uma taxa global sobre bancos ganha força nos sete países mais ricos, que formam o G-7, mas não há ainda uma indicação de como seria cobrada. Na reunião do grupo no Canadá, ministros de Finanças deram seu aval à ideia, depois que o governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apresentou a proposta.
A meta do G-7 é ter um plano claro de como seria cobrado esse novo imposto antes da reunião do G-20, que inclui os países ricos e emergentes, como o Brasil, em meados do ano.
O projeto é que a taxa financie os custos que governos tiveram para salvar a economia mundial de um colapso, desde setembro de 2008. Dados oficiais indicam que o mundo gastou mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) global apenas para salvar os bancos.
Por enquanto, a única decisão dos ministros foi de encomendar um estudo para tentar viabilizar a taxa. Segundo os ministros do G-7, deve haver pelo menos duas condições para a implementação do imposto. A primeira é que precisa haver uma coordenação internacional.
Há uma semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu que o Brasil não tem a intenção de aplicar uma taxa sobre os bancos. Mas indicou seu apoio à iniciativa de Obama.
Outra condição é que a taxa não signifique um novo obstáculo para a recuperação da economia mundial. Apesar dos bilhões de dólares dados aos bancos, créditos e empréstimos não voltaram aos níveis de antes de 2008. A falta de crédito é um dos elementos que retarda a retomada do crescimento. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prometeu apresentar um estudo em abril.
“Ficou acordado que bancos terão de pagar pelo custo da crise”, disse o ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble. Para Jim Flaherty, ministro canadense, os bancos devem contribuir por causa de sua responsabilidade na crise.
Christine Lagarde, ministra francesa, foi uma das que insistiram que a taxa teria de ser “universal” para evitar que bancos escapem do imposto indo para outros países, ou que bancos de economias sem impostos sejam mais competitivos.
Timothy Geithner, secretário do Tesouro americano, e Alistair Darling, seu contraparte no Reino Unido, foram os principais defensores da ideia. Mas há ainda diferenças sobre como isso ocorreria.
Os ingleses estimam que a cobrança de um imposto único de 50% sobre o valor dos bônus dos banqueiros seria suficiente. O FMI defendeu a cobrança de uma só vez de um imposto sobre os lucros dos bancos. Já o governo americano quer uma taxa permanente de 0,15% sobre transações, que poderia arrecadar US$ 117 bilhões apenas para os cofres dos EUA.
“Obviamente que temos diferenças, mas sabemos que esse é um problema que exige soluções globais”, disse Darling. “Estamos comprometidos que haja a mesma condição de competição para todos”, afirmou Geithner.
INCENTIVOS
Outra mensagem do G-7 foi que os pacotes de incentivos sejam mantidos para garantir a recuperação das economias, em um reconhecimento que a retomada do crescimento ainda é frágil. Mas o grupo admitiu que haverá uma preocupação cada vez maior em impedir que os déficits explodam.
Para o G-7, a economia mundial ainda não tem condições de crescer sem as “muletas” que os governos oferecem. Geithner pediu que países mantenham seus compromissos de ajudar os setores mais debilitados. Para ele, essas medidas evitariam que a economia mundial caia de novo em recessão.