Em menos de uma semana, mais um Posto de Atendimento Bancário (PAB) do Santander é assaltado em Macapá. Com esse, sobe para quatro o número de roubos a bancos na capital do Amapá, todos no Santander.
O último foi na segunda-feira (25) dentro de um quartel da Polícia Militar, um dos locais considerados mais seguros. Não para a quadrilha de assaltantes que levou o dinheiro da agência.
Para entrar na agência, sem levantar qualquer suspeita, a dupla seqüestrou a única funcionária do PAB, grávida de cinco meses, na entrada de um restaurante na hora do almoço.
Os criminosos estavam em uma motocicleta, de cor preta, com a placa coberta. Um deles entrou no carro da gerente e pediu que ela seguisse para agência dentro do quartel.
Quando chegaram ao banco, um dos bandidos mandou que ela descesse do carro, enquanto ele a aguardava dentro do veículo. O comparsa dele já estava na área interna da agência e usava uma camiseta branca e uma bermuda cinza – semelhante ao uniforme de educação física da PM.
Antes de fugir, os bandidos arrancaram as câmeras do circuito de segurança do banco e levaram a fita que gravou toda a ação. Em seguida, um dos criminosos saiu com a vítima no carro dela, levando o dinheiro. O outro assaltante deixou o quartel a pé.
A bancária foi libertada horas depois em uma das estradas que dá acesso ao município de Santana, próximo a Macapá. Até agora ninguém foi preso.
De acordo com a polícia, o alarme da agência só tocou horas depois do crime, quando a gerente já estava de volta ao quartel. “Acredito que devido a um sistema interno, o alarme soou automaticamente, porém atrasado”, lamentou.
Em entrevista à imprensa, o comandante da PM, coronel Pedro Paulo Rezende disse que não foi possível notar nenhuma atitude suspeita na entrada dos assaltantes porque um deles ficou o tempo todo deitado nos fundos do carro da gerente – o veículo possui película nos vidros.
“A gente já sabe que eles tinham informações privilegiadas em relação a toda a movimentação aqui dentro do quartel. Sabiam o horário em que a gerente saia para almoçar, sabiam, inclusive, que naquele horário não havia mais expediente aqui no comando. Por conta disso, não podemos descartar nenhuma possibilidade. Iremos apurar se houve informação de algum funcionário da agência ou até mesmo de um dos nossos policiais”, prometeu o comandante.
Rezende alegou que devido aos programas sociais que funcionam dentro do quartel da polícia, o controle da entrada de pessoas fica vulnerável. “Nós temos os Peixinhos Voadores, os Campeões do Amanhã e vários outros projetos sociais que funcionam aqui dentro do quartel. Fica difícil ter um controle rigoroso em relação e entrada e saída de pessoas”, justificou.
Solução
A bancária e o futuro bebê passam bem. O Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Amapá (Sintraf) acompanha a situação e está fornecendo todo apoio jurídico necessário aos dois. Já o banco garantiu até agora apenas um psicólogo para acompanhá-la.
“Agora à tarde vou me reunir com a direção do banco aqui em Macapá para cobrar outras providências para a bancária. Uma delas é a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) que até agora, 24 horas depois do episódio, não foi emitida. Isso é um direito de todo e qualquer trabalhador vítima de acidente ou assalto no horário de trabalho”, ressalta o diretor financeiro do Sintraf, Samuel Bastos.
Em relação a entrevista coletiva da PM sobre a possível participação de algum funcionário da agência neste assalto, Samuel Bastos esclarece: “Culpar um outro bancário ou bancária pelo ocorrido é querer esconder a real falha e a falta de segurança dentro de um quartel da Polícia Militar e fora dele. A insegurança está cada vez mais presente na vida da população aqui de Macapá”.