OIT ataca austeridade na Europa e eleva previsão de desemprego

As políticas de austeridade adotadas por governos da União Européia fizeram a Organização Internacional do Trabalho (OIT) elevar as estimativas de desemprego para a região em 2012 e 2013, indica o relatório Global Employment Outlook.

Os dados agregados sob a rubrica “Economias desenvolvidas e União Européia” apontam desemprego de 9,1% neste ano e de 9,4% no próximo, alta de 0,6 e 1,0 ponto percentual, respectivamente, em relação à última estimativa, divulgada em setembro de 2011. Com isso, o número de trabalhadores sem vagas subirá dos atuais 46,6 milhões para 48,4 milhões em 2013 naquela região.

Sobretudo por causa do mundo rico, a OIT decidiu elevar a previsão de desemprego global. A estimativa é de 6,1% em 2012 e de 6,2% em 2013, em ambos os casos 0,1 ponto percentual acima da previsão de setembro. Estima-se que haja hoje no mundo 202,4 milhões de pessoas buscando emprego sem consegui-lo.

Para o francês Raymond Torres, diretor do Instituto de Estudos do Trabalho da OIT, a alta da desocupação está intimamente ligada às políticas de combate à crise adotadas pelos governos europeus, que intensificaram o corte de gastos público com o objetivo de restaurar a credibilidade perante os mercados financeiros.

“Essa política não está funcionando, tanto que países sob ampla austeridade sofreram a redução da nota de suas dívidas, e o crédito não voltou”, afirmou Torres, em entrevista à imprensa européia. “É óbvio que o déficit público precisa ser reduzido, 10% de endividamento sobre o PIB não é sustentável, mas isso não pode ser feito de maneira agressiva”, completou.

O especialista da OIT avalia que, ao contrário, as políticas que têm sido adotadas pelas administrações européias tendem a elevar o déficit no futuro, na medida em que esfriam a economia, destroem postos de emprego e reduzem a demanda agregada. Ele admite que as grandes empresas já recuperaram boa parte de sua saúde financeira em relação à crise de 2008, mas alerta que o mesmo não ocorreu com as pequenas empresas.

“As grandes companhias já estão com bastante dinheiro em caixa, apesar de não terem, por enquanto, interesse em investi-lo. O problema são os pequenos, que continuam sem acesso ao crédito”, disse Torres. “É importante agir contra o déficit publico com estratégias de crescimento, o que até agora não existe”, criticou.

Por conta disso, a OIT estima que a desocupação no mundo desenvolvido só voltará a cair, lentamente, a partir de 2014, quando recuará a 9,2%, e seguirá baixando nos dois anos seguintes, para 8,8% em 2015, e 8,4% em 2016. O problema é que esses patamares não chegam nem perto do registrado antes da crise de 2008 – quando o desemprego na região era de 5,8%.

Para a América Latina e o Caribe as previsões da OIT são de estabilidade. O órgão acredita que a desocupação ficará em 7,1% neste ano e no próximo, e em 7,2% entre 2014 e 2016. Em relação à previsão de setembro, a estimativa para 2012 e 2013 foi cortada em 0,1 ponto percentual. Entretanto, a situação poderia ser melhor não fosse a crise do mundo rico. Isso porque, com a redução da demanda por lá, as importações vindas do sul tendem a desacelerar, conclui a OIT.

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