Oficina promove debate sobre gˆnero em Araruama

(São Paulo) A Rede de Mulheres Uni Brasil, em parceria com a Contraf-CUT, Sindicato dos Bancários do Rio e a Federação dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo, realizou entre os dias 16 e 18 passados o I Módulo da Oficina de Formação na temática de Gênero. O evento foi promovido em Araruama, Rio de Janeiro.

 

Entre as palestrantes estavam Neide Aparecida Fonseca (Contraf), Deise Recoaro (Contraf) e Maria Aparecida Antero Correia (Fetec-SP). Todas são integrantes da Uni-Brasil, braço brasileiro da Uni – Union Network Internacional, entidade sindical internacional à qual a Contraf é filiada.

 

“Essa Oficina é fruto da realizada em Cotia no mês de fevereiro, quando as bancárias do Rio de Janeiro, Rosana e Kátia, participaram e decidiram levar o curso para o seu Estado”, explicou Neide Fonseca.

 

Entre as atividades, além da parte expositiva, houve a exibição de três filmes: o vídeo “Acorda, Raymundo”, o longa-metragem de ficção “Se eu fosse você” e o documentário “Nem gravata, nem honra”. No último dia houve debate sobre os filmes. Houve também atividades de dramatização das situações atual e ideal das relações de gênero na família e no movimento sindical.

 

Estiveram presentes bancárias de várias regiões do Estado; do Espírito Santo; do Paraná, e uma trabalhadora da Fisenge – Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros que também é filiado a Uni. No total 17 pessoas, sendo 14 mulheres e 3 homens.

 

“A novidade dessa Oficina foi a participação de três diretores bancários, que queriam saber que negócio é esse de gênero. Não foi fácil para eles participarem, pois tiveram que ouvir muitas piadas de seus companheiros, mas ao final afirmaram que foi a melhor coisa que fizeram e que saiam de lá outra pessoa, com uma compreensão e visão do outro, ou seja, do sexo feminino”, disse Neide.

 

Na avaliação de todas, segundo ela, a participação masculina só contribuiu para o debate. “As mulheres não ficaram inibidas e se posicionaram em todos os momentos, debatendo acaloradamente. Os homens a princípio estavam cuidadosos para se expressar, mais com o tempo deixaram cair a ‘armadura’ e participaram ativamente. Esse é nosso objetivo ao discutir gênero, uma vez que estamos nos referenciando a uma construção social que hierarquiza os sexos, deste modo não podemos ter apenas um lado na discussão. Ainda há muita confusão entre o que diferencia um ser humano do outro: se o sexo ou o gênero. Neste sentido, um dos momentos mais interessante foi quando os grupos tiveram que relacionar e debater as vantagens e desvantagens de ser mulher e de ser homem. Os homens não conseguiam encontrar uma desvantagem, e só após dialogarem com três companheiras, puderam ver que a ‘carga’ de ter que ser provedor foi uma construção social e que está tão naturalizado que nem se sente”, comentou Neide.

 

Um fato interessante que também apareceu na 1ª Oficina em Cotia, conforme Neide, foi quando as mulheres colocaram como desvantagem para os homens não poderem fingir orgasmo. “Isso gerou um ótimo debate. A pergunta feita foi: então para as mulheres isso é tido como vantagem? Outro momento interessante foi desvendar como o Capital se apropria da questão de gênero para extrair a mais valia, colocando as mulheres em cargos inferiores, com salários menores, etc. Esse momento também foi transversalizado por raça e etnia, visto que as mulheres negras se encontram na base da pirâmide”, lembra.

 

A proposta é de que a Rede de Mulheres da Uni Brasil realize esse Módulo I no Paraná e na Paraíba. “Nossas companheiras já saíram compromissadas com a idéia de multiplicar a Oficina. Logo, logo, dando continuidade ao processo formativo, daremos início ao Módulo II, onde os temas principais serão: Ideologia da domesticidade da pré-história aos dias atuais; Masculinismos; e Empoderamento”, finalizou Neide.

 

Quem quiser mais informações sobre os cursos pode entrar em contato com as organizadoras pelos e-mails [email protected], [email protected]  e [email protected]

 

Fonte: Uni Mulheres Brasil

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