Nove executivos deixam Itaú para criar gestora ligada ao Credit Suisse

Talita Moreira, Lucinda Pinto e Téo Takar
Valor Econômico | De São Paulo

De uma tacada só, o Itaú perdeu nove executivos de sua tesouraria. Fabio Okumura, diretor de operações, e mais oito pessoas da equipe se desligaram do banco para criar uma nova gestora, que terá o Credit Suisse como sócio.

A nova gestora ficará ligada à estrutura da Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG) e lançará uma família de fundos, com especial atenção ao segmento multimercados. A ideia é que esses produtos sejam oferecidos aos clientes do private banking do grupo suíço.

Além de Okumura, deixaram o Itaú para compor o novo projeto os executivos André Lichstenstein, Aurelio Bicalho, Carlos Menezes, Eduardo Barone, Gabriel Borini, Heitor Braga, Marcelo Kishimoto e Ruy Balieiro.

Segundo apurou o Valor, a ideia é criar uma estrutura parecida com a da Peninsula Investimentos, gestora fundada em 2012 por Antonio Quintella, ex-presidente do Credit Suisse no Brasil, e por Sergio Blatyta, ex-tesoureiro do Santander.

Ainda não está definido, porém, qual o tamanho da participação que o Credit Suisse terá na nova gestora. Na Peninsula, o banco suíço detém uma fatia minoritária e não votante.

A criação da nova gestora – ainda sem data para estrear – ocorre num momento em que o Credit Suisse precisa diversificar a oferta de produtos para os clientes de seu private banking. O produto mais notório da Credit Suisse Hedging-Griffo, o fundo Verde, está há anos fechado para captações. O fundo multimercados da Peninsula também fechou em agosto do ano passado, quando atingiu o patrimônio líquido de R$ 2,5 bilhões.

Também é importante para o banco atrair novos talentos. No próximo ano, termina o período de não competição de Luis Stuhlberger, o famoso gestor do fundo Verde e diretor da CSHG.

O Credit Suisse confirmou por meio de sua assessoria de imprensa que os executivos egressos do Itaú farão parte de uma nova gestora que lançará uma nova família de fundos. Porém, não forneceu mais detalhes sobre a operação.

A chegada dos executivos ocorre um mês depois de o Credit Suisse reduzir sua equipe de analistas e mudar o comando de seu banco de investimentos no país.

O Itaú comunicou a saída dos executivos por meio de uma nota divulgada internamente. Segundo o comunicado, Marco Antonio Sudano assumirá a diretoria de operações no lugar de Okumura. O banco também informou os novos ocupantes dos demais cargos vagos. Bruno Fernandes vai para a mesa de renda fixa; Eduardo Ikuno vai para mesa de operações de crédito; Mauricio Zanella, para mesa de volatilidade; Nicolaos Koulioumba, para a mesa de operações intenacionais; e Ronie Germiniani para a mesa de câmbio.

A equipe da mesa de renda variável ficará interinamente subordinada a Marco Sudano. Ricardo Nuno assumirá a diretoria de banking e tesourarias externas.

A movimentação no Itaú teve impacto no mercado. Operadores comentaram que a queda mais acentuada das ações preferenciais do banco durante a tarde no pregão da BM&FBovespa teve relação com a divulgação do comunicado com os detalhes da troca de comando na tesouraria. O papel chegou a cair 2% no meio e fechou em baixa de 1,23%, cotado a R$ 30,50. Bradesco PN subiu 0,62%, Banco do Brasil ON avançou 0,20%, e Santander Unit recuou 1,03%.

Ainda segundo fontes do mercado, as mudanças no Itaú também teriam influenciado as negociações de NTN-B, títulos públicos atrelados ao IPCA. Houve um desmonte considerável de posições nesses papéis, provocando a queda da chamada “inflação implícita” dos títulos.

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