Nota oficial da CUT em solidariedade a Emir Sader

A CUT manifesta seu apoio ao professor Emir Sader e, ao mesmo tempo, denuncia mais uma vez os critérios duvidosos que norteiam no Brasil o conceito de liberdade de imprensa.

 

Emir, intelectual que tem se guiado pela coerência, foi condenado ontem, em primeira instância, a perder seu cargo de professor e a um ano de prisão (ou de serviços à comunidade), em virtude de ter usado o termo "racista" em artigo publicado no mês de agosto, em que comentava a célebre declaração do presidente do PFL Jorge Bornhausen, que definiu o PT como uma "raça" que seria extinta por 30 anos. Além de ter errado, e por ampla margem, em sua previsão, o senador provocou protestos de todos nós, que julgamos sua fala um evidente ato de racismo. Se Emir é culpado, todos nós somos.

 

Enquanto poderosos grupos de mídia que abusaram do antijornalismo, especialmente ao longo do último ano, reclamam de perseguição apesar de seguirem incólumes em suas peraltices, um juiz dá uma sentença como essa a um pensador que apenas expressou sua opinião – límpida, aliás. O que faremos com os inúmeros articulistas e repórteres que, à sombra das grandes corporações, não se cansaram de destilar as mais diversas formas de preconceito, calúnia, denúncia vazia, omissão de informação e estreiteza de pensamento?

 

A sentença – que, acreditamos, não passará em nova análise – é um atentado às liberdades individuais e absolutamente injusta. Condenar um professor a perder o cargo devido a suas opiniões está em absoluto descompasso com a democracia, conquista árdua do povo brasileiro.

 

Artur Henrique

Presidente nacional da CUT

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