Nas aberturas de campanhas salariais, a diretoria do Banco do Brasil sempre traz ingredientes novos. Mas desta vez o vice-presidente Luiz Oswaldo exagerou. Famoso pelo seu grande conhecimento do livro das citações e por declamar poemas em vez de apresentar soluções, desta vez buscou inspiração em Lênin para discorrer sobre os fundamentos de mercado seguidos pelo banco e fazer ameaças veladas ao funcionalismo, como fez na campanha do ano passado, quando reuniu os gerentes no auditório da Dipes para fazer as mesmas ameaças veladas.
O monólogo
Utilizando-se de um boletim criado para divulgar suas idéias, o vice-presidente responde às próprias perguntas e na apresentação afirma: “…a devida reflexão depende da exposição de argumentos de todas as partes envolvidas no processo negocial entre Empresa e sindicatos.” Interessante frisar que a empresa nega o acesso dos dirigentes sindicais até ao LIC. O vice-presidente, ancorado em sua afirmação, irá editar um boletim com os argumentos e propostas do movimento sindical ou manterá a postura de só suas verdades serem aceitas, mantendo o monólogo de sempre?
As mentiras
A proposta do movimento sindical sobre PCC/PCS foi apresentada no GT ainda em 2004. E reafirmamos nossas propostas em 13 de abril de 2006, durante reunião das negociações permanentes. E a resposta do banco foi o pacote apresentado unilateralmente em maio deste ano, dentro do qual estava embutido um novo “PCS”. Contestamos diversos pontos do pacote, fizemos campanha contra e, em reunião com o presidente, ao questionarmos o PCS, ele concordou em debater o tema pelos três meses seguintes, prazo que encerraria em 31 de julho.
Depois de 56 dias de silêncio, no dia 31 de julho, o banco enviou correspondência à Contraf-CUT, via e-mail, “se colocando à disposição para discussão conclusiva do Plano de Cargos e Remuneração”, mesmo sabendo que, naquele dia, estávamos na 9ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.
O vice-presidente se escuda nessa correspondência para acusar o movimento sindical de ter-se recusado a negociar. Mas por que a negociação não poderia ter sido marcada para os dias posteriores à Conferência? Foi uma pegadinha para camuflar a falta de interesse de negociar a sério e implantar autoritariamente o seu projeto.
Se os “pedidos” do movimento sindical são atendidos pelo banco, queremos o fim da lateralidade e do assedio moral, um PCS justo, isonomia de verdade, recomposição do poder de compra dos salários, etc.
Quanto à Cassi, a memória do vice-presidente sofre um lapso colossal. Ele prometera que 2005 seria “o ano da Cassi”. Foram dois anos de cobranças, propostas, negociações para que em 2007, após muita luta e pressão, o banco apresentasse uma proposta aceitável, isso depois de a situação financeira da entidade ter chegado ao limite. Como se vê a palavra do vice-presidente não vale muito.
O vice-presidente fala de um banco de acordo com o que dita o mercado, e esquece-se de falar que a empresa acabou de jogar fora 7.100 trabalhadores com experiência e que o custo cultural será muito maior que o financeiro.
Queremos discutir qual é o banco que o Brasil precisa. Será esse do vice-presidente, preocupado em ser o primeiro do mercado a qualquer custo, expulsando clientes de baixa renda de seus prédios, retirando direitos, assediando, comprando bancos e demitindo seus trabalhadores? Ou o Brasil espera um Banco preocupado em financiar a produção, em gerar empregos, diminuir os spreads, que deixe de fazer vendas casadas esfolando os pequenos agricultores?
O modelo de PLR não foi uma dádiva da empresa, foi proposta da 7ª Conferência dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, negociada com a empresa e implantada após aprovada nas assembléias. Já o PCR é uma imposição da empresa, contida no pacote, não negociada e que não dá expectativa de futuro aos funcionários.
O vídeotape
Como todo ano a empresa começa fazendo ameaças veladas aos funcionários numa clara atitude anti-sindical. “Não vamos negociar fora da data base, conquistas vão gerar desemprego, etc” é a mesma cantilena de sempre e, como de costume, faltam propostas.
Senhor vice-presidente, em vez de mandar mensagens que confundem os trabalhadores, melhor seria apresentar propostas que acabassem com os problemas de atendimento nas agências, que respeitassem os trabalhadores, muitas vezes submetidos a condições degradantes da execução de suas atividades.
CONTRAF
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES DO RAMO FINANCEIRO – CUT