“Nossa força está na união entre todos trabalhadores”, garante Fabiana Proscholdt

Em entrevista, a secretária de Cultura da Contraf-CUT fala sobre a defesa dos direitos dos empregados, da Caixa 100% pública, home office e Saúde Caixa

A Campanha Nacional dos 2020 promete ser muito dura para a categoria bancária. Os cenários político, econômico, social e sanitário deixam os trabalhadores apreensivos e em busca de informações. Por isso, neste momento, tem crescido as entrevistas das lideranças sindicais. Uma delas, Fabiana Uehara Proscholdt, secretária de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora dos Grupos de Trabalho Saúde Caixa e Saúde do Trabalhador, além de ser conselheira eleita no Conselho de Usuários do Saúde Caixa, deu uma entrevista ao site da APCEF/RJ. Veja alguns trechos:

APCEF/ RJ – Fale um pouco sobre a configuração, como funciona e a importância da mesa única de negociação?

Fabiana Proscholdt – Nossa categoria é formada por 463 mil trabalhadores divididos em vários bancos. Quando falamos em mesa única, falamos de acordos e conquistas que valem para todos esses trabalhadores. A nossa força está justamente na união entre todos esses trabalhadores.

Recentemente, aconteceu a 22ª Conferência Nacional dos Bancários, sendo a primeira realizada por videoconferência. Quais as principais reivindicações da minuta aprovada e qual o principal legado deixado pela Conferência?

Fabiana Proscholdt – Além da Conferência Nacional, também tivemos o 36º Conecef, que é o espaço de construção específico das reivindicações dos empregados da Caixa. Ambos foram feitos por videoconferência e, o que fica, é que temos como nos reorganizar e mobilizar. A tecnologia está aí também para nos ajudar. E o tema foi perfeito: “a distância não nos limita”. As principais reivindicações são a manutenção dos direitos, aumento real, PLR e defesa da saúde.

Consta na minuta de reivindicações cláusula para regular o home office. Qual a importância desse item em termos de garantias de direitos dos bancários e bancárias?

Fabiana Proscholdt – Para começar, o home office tem que ser um direito do bancário. Hoje, os custos desse trabalho estão todos para o trabalhador: tem a questão de ergonomia etc. Assim, essa regulação é importante justamente para se ter algum parâmetro, além de resguardar a saúde.

Em termos de conquistas e lutas, o que representa a mesa de negociação permanente com a direção da Caixa?

Fabiana Proscholdt – Em um passado não tão distante, a pauta da Caixa era entregue no estacionamento. Não resolvemos tudo na Campanha Nacional e, graças à mobilização e a construção dos empregados, conquistamos em ACT a mesa permanente, que é um espaço para diálogo e encaminhamento dos problemas e possíveis soluções.

A Contraf-CUT congrega 8 federações e 104 sindicatos. Na atual conjuntura, como é dirigir a área de Cultura de uma entidade que representa quase 500 mil bancários e bancárias?

Fabiana Proscholdt – É uma pasta nova que reflete a configuração da CUT e que, assim, é permeada de desafios. Hoje, o cenário é de resistência e manutenção dos direitos dos trabalhadores bancários. A Cultura é uma vertente importante para atrair e agregar as pessoas para a luta, em especial os mais jovens.

Qual a importância das entidades representativas dos empregados da Caixa – principalmente a Fenae, os sindicatos e as APCEFs – na luta pela manutenção da Caixa 100% pública e na defesa dos direitos dos empregados?

Fabiana Proscholdt – Até 1985, os empregados da Caixa não eram considerados bancários e não tinham, inclusive, direito à sindicalização. Naquele ano, foi feita uma das maiores greves dos empregados na luta pelas 6 horas e pelo direito de se sindicalizar. Antes disso, era através das APCEFs e Fenae que os empregados se organizavam e lutavam. A Fenae e APCEFs tiveram um papel fantástico na vaquinha nacional, que foi feita para sustentar os empregados demitidos em 1991. Os sindicatos, APCEFs e Fenae são fundamentais para a manutenção e luta dos trabalhadores.

Você faz parte do Conselho de Usuários do Saúde Caixa. Como atua esse Conselho e qual sua importância para os empregados?

Fabiana Proscholdt – O Conselho de Usuários é um instrumento central para o acompanhamento da gestão financeira e administrativa do Saúde Caixa, que também tem o papel de tentar resolver problemas enfrentados pelos usuários e de propor melhorias. Hoje, o Conselho possui caráter consultivo.

A pandemia do coronavírus prossegue e nada dos empregados contratados desde 2018 pela Caixa serem incluídos no Saúde Caixa. Em que pé está essa luta e qual a expectativa?

Fabiana Proscholdt – Nossa luta é pelo Saúde Caixa para Todos. Não só para todos os empregados terem o mesmo direito no plano de saúde, mas também pela própria sustentabilidade. A Contraf-CUT já cobrou em diversos ofícios que esses colegas sejam incluídos no plano ou que seja aberto negociação para isso.

Mesmo sendo superavitário, o Saúde Caixa continua sofrendo fortes ataques. Como combater de forma mais efetiva essa tática que, além de prejudicar os empregados, visa desonerar a Caixa para torná-la mais atrativa para privatização?

Fabiana Proscholdt – Temos que combater a Resolução 4.424/15 do Banco Central, para que não haja qualquer instrumento legal a obrigar a Caixa a cumprir normas destinadas a empresas abertas (CPC 33). Além disso, lutar pela retirada do 6,5% da folha de pagamento do estatuto da Caixa.

Como você avalia a atuação e empenho dos empregados da Caixa em meio à crise do coronavírus?

Fabiana Proscholdt – Eu tenho orgulho dos colegas. Estão dando o seu melhor mesmo com todos os riscos. O que é inaceitável é a direção da empresa pressionar como tem pressionado por metas e afins, além de não cuidar como deveria dos colegas. A vida e saúde deles deveriam estar sempre em primeiro lugar.

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