(São Paulo) Em mais um depoimento à Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa de São Paulo, a direção da Nossa Caixa insiste em atribuir todas as responsabilidades pela continuação de prestação de serviço de publicidade sem contrato, no valor de R$ 42 milhões, a um único funcionário, o ex-diretor de marketing, Jaime Castro.
Esse foi o argumento do diretor jurídico e de logística, Daniel Rodrigues Alves, em depoimento, nesta terça-feira, dia 22, à Comissão, sobre suposta distribuição de verba publicitária da Nossa Caixa em troca de apoio político ao governo do Estado. Ele disse aos deputados que a situação já foi solucionada, após sindicância interna no banco, que resultou na punição de Jaime de Castro. E ainda reconheceu a irregularidade dos contratos, mas defendeu a Nossa Caixa, dizendo que o culpado já foi identificado.
“No nosso entender houve transferência de responsabilidade. Não dá para aceitar como nenhum outro departamento do banco não tenha tido conhecimento de um contrato que movimentou R$ 42 milhões. A necessidade de uma CPI para esclarecer todas as suspeitas de irregularidade é cada vez mais urgente”, disse Raquel Kacelnikas, diretora do Sindicato de São Paulo.
Ela explica que uma CPI tem poder de investigação, o que facilita um acesso mais efetivo a documentos que possam esclarecer a dúvidas existentes, enquanto a Comissão de Finanças e Orçamento tem um papel mais fiscalizador.
A dirigente sindical lembra que há outros pontos que necessitam ser esclarecidos, como quem pagava o salário de Waldin Rosa de Lima, que não tinha registro de funcionário do banco, mas exercia o cargo de assessor de Valdery Albuquerque, presidente do banco à época das irregularidades de contratos de publicidade, e que tinha ligação com o departamento de marketing do governo do Estado.
“Vínculos pessoais em banco público provocam no mínimo suspeitas de irregularidades. A transparência na administração é fundamental. Trabalhadores e cidadãos merecem respostas”, disse Raquel Kacelnikas.
Durante o depoimento, o deputado Romeu Tuma Junior (PMDB), membro da Comissão, questionou a contratação de Jorge Amauri Maria Nunes, advogado pessoal do atual presidente do banco, Carlos Eduardo Monteiro, e do ex-prefeito José Serra, para atuar em uma questão administrativa da Nossa Caixa.
“Os bancários exigem que a gestão da Nossa Caixa seja pautada em critérios técnicos e não mais em relações pessoas,” disse Raquel Kacelnikas.
O depoimento de Paulo Roberto Penachio, diretor de controladoria Nossa Caixa foi transferido para outra data a ser divulgada.
Os bancários realizaram nesta terça-feira um ato público para cobrar o cumprimento da decisão do STF que a derrubou regra que impedia a instalação de CPI pela Assembléia Legislativa de São Paulo.
Fonte: Elisângela Cordeiro – Seeb SP