Nossa Caixa: Contraf-CUT discute garantia de emprego com BB

A Contraf-CUT e dirigentes sindicais de todo o estado participaram nesta sexta-feira, dia 23, de reunião com o presidente do Banco do Brasil, Antonio Lima Neto, e vice-presidentes da instituição que discutiu a possível aquisição da Nossa Caixa pelo banco. O BB se comprometeu a respeitar contratos, empregos e direitos, além de garantir que o movimento sindical acompanhará todo o processo de fusão.

O encontro foi solicitado pelo BB para explicar ao movimento sindical sua movimentação em relação à Nossa Caixa. O presidente do banco disse que a compra ainda está em fase de negociação e definição do preço. O movimento sindical levou para a mesa sua preocupação com a manutenção dos empregos e das condições de trabalho dos bancários das duas instituições e que o banco desempenhe o papel de ser um canal de investimentos no setor produtivo do estado. Segundo Lima Neto, uma das condições que colocou como fundamentais para a realização do negócio foi a manutenção dos empregos.

Nesse sentido, a direção do BB informou haver poucos casos de sobreposição de agências, diminuindo o risco de fechamento de locais de trabalho. Além disso, as possíveis transferências de empregados serão negociadas. “Nós entendemos essas afirmações como compromissos do banco de não colocar em risco empregos e direitos dos trabalhadores. Agora, durante a fase inicial da negociação, temos que aguardar vigilantes e nos mobilizar para cobrar dos dois bancos canais de negociação para que a transição corra sem prejuízo aos trabalhadores”, avalia Marcel Barros, coordenador da Comissão de Empresa do Banco do Brasil da Contraf-CUT.

Para Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT, o ponto fundamental é que o processo não acarrete nenhum tipo de perda para os empregados do Banco do Brasil e da Nossa Caixa. “A Contraf-CUT já está mobilizada na defesa intransigente dos empregos e dos direitos dos trabalhadores dos dois bancos. Só na Nossa Caixa são cerca de 16 mil trabalhadores que não podem ser prejudicados. Queremos iniciar imediatamente um processo de discussão de garantia da estabilidade dos empregos”, sustenta.

Para Vagner, a venda em si é um equívoco do governo de São Paulo. “É um absurdo que o governador Serra abra mão de um instrumento de desenvolvimento regional como a Nossa Caixa. Isso demonstra o descompromisso dessa gestão com o estado e a falta de entendimento da importância de um banco público regional”, afirma.

Concentração

A movimentação do Banco do Brasil faz parte de um processo mais amplo de concentração que vem ocorrendo no sistema financeiro nacional. Os grandes bancos, especialmente Bradesco e Itaú, vêm utilizando uma estratégia agressiva de aquisições de instituições menores como forma de crescer. Além disso, o Santander aparece fortalecido no mercado nacional após comprar internacionalmente o ABN Amro e, por conseqüência, adquirir o controle do Real. Nesse contexto, o Banco do Brasil decidiu adotar estratégia semelhante para manter sua liderança, adquirindo bancos estaduais e federalizados. O principal caso até agora é a já iniciada aquisição do Besc, de Santa Catarina, mas o BB já fez movimentos para adquirir o piauiense BEP e o BRB, do Distrito Federal.

Vagner destaca que esse processo de concentração em poucos bancos vem ocorrendo há alguns anos e não beneficiou em nada a sociedade brasileira. “Os juros e as tarifas continuam altos e a oferta de crédito também não foi facilitada. Isso mostra a falta de compromisso do sistema financeiro com o desenvolvimento do Brasil”, explica. “É uma disputa de mercado entre os próprios bancos, não tem nada a ver com o desenvolvimento do país. O que precisamos mesmo é de uma mudança no sistema financeiro para que ele passe a atuar para o bem de toda a sociedade”, defende.

Vagner frise que, para o movimento sindical, o ideal é que a Nossa Caixa fique com o governo de São Paulo e assuma seu papel de banco público, voltado para o fomento do desenvolvimento regional. No entanto, se a venda estiver decidida, do ponto de vista da manutenção dos empregos, a venda para o BB é menos negativa, pois, como o banco tem menor participação em São Paulo ocorrerá menor sobreposição de agências. Além disso, por serem ambos bancos públicos, o movimento sindical irá cobrar que o BB assuma o papel de fomento que é esperado dele também em São Paulo. “Mas só conseguiremos qualquer coisa se nos mobilizarmos para cobrar dos bancos. Os trabalhadores precisam estar atentos e preparados para, se houver resistência das direções das empresas em garantir empregos e direitos, irem para as ruas. Lembremos de como foi traumático o processo de venda do Banespa. Não podemos deixar que algo assim ocorra novamente”, alerta.

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