A violência assusta os bancários em São Paulo. Em 2009, as estatísticas da Secretaria da Segurança Pública totalizaram 253 assaltos a bancos no ano passado em todo Estado, dos quais 171 na capital paulista.
O ano de 2010 mal começou e a realidade não mudou. Na Capital, a agência do Bradesco na esquina das avenidas Santo Amaro e Morumbi, na zona sul de São Paulo, viveu dia terror durante assalto nesta quinta-feira, dia 4. Na Paulista, uma agência do Itaú Unibanco (foto) foi atacada na madrugada.
Estatística do medo
Essa situação de enorme risco é recorrente no dia-a-dia dos bancários. Prova disso é que o número de roubo a bancos, segundo os dados da Secretaria de Segurança Pública, cresceu significativamente no último trimestre de 2009. Ocorreram 74 assaltos no Estado, dos quais 57 na Capital. No trimestre anterior, foram registrados 64 roubos, sendo 38 na cidade de São Paulo.
Aliás, as estatísticas mostram um crescimento permanente de ataques a bancos ao longo do ano passado. No segundo trimestre foram apurados 58 assaltos no Estado, dos quais 41 na Capital. E no primeiro trimestre aconteceram 57 roubos, sendo 35 na Capital.
“Essa evolução crescente dos números oficiais reflete o sentimento de medo e insegurança que toma conta de bancários, vigilantes e clientes, assim como da população”, alerta o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr. “Os bancos e o governo Serra precisam encarar a segurança como prioridade em São Paulo”, destaca.
Grupo de Trabalho de Segurança Bancária
Preocupadas com o aumento nos assaltos a bancos, as entidades sindicais vêm intensificando medidas para cobrar soluções dos bancos e do poder público. No dia 19 de janeiro, a Contraf-CUT foi recebida em audiência pelo secretário de Segurança Pública do Estado, Antonio Ferreira Pinto. Também participaram da reunião o Sindicato dos Bancários de São Paulo, a Fetec-SP, a Federação dos Bancários de SP e MS.
Os representantes dos trabalhadores solicitaram a criação de um Grupo de Trabalho de Segurança Bancária, que teria a participação das polícias civil, militar e federal, dos representantes dos bancários, dos vigilantes, dos bancos e do Ministério Público do Estado de São Paulo. O secretário prometeu enviar resposta para as entidades, o que ainda não ocorreu.
“O crescimento no número de assaltos reforça a urgência na criação do grupo de trabalho para debater segurança bancária. Os bancários, assim como vigilantes e clientes não podem mais ficar expostos a esse risco, que quando não termina com caso de vítimas fatais, deixa sequelas com o adoecimento na categoria, como síndrome do pânico e stress pós-traumático”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino.
Bancos multados em R$ 15,5 milhões na Polícia Federal em 2009
O não-cumprimento das leis de segurança fez com que os bancos levassem multas de R$ 15,501 milhões em 2009, na Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (Ccasp), coordenada pela Polícia Federal (PF). As penalidades foram aplicadas durante as seis reuniões ocorridas no ano passado, em Brasília.
Entre as principais irregularidades cometidas pelos bancos estiveram o funcionamento de agências com planos de segurança vencidos, número insuficiente de vigilantes, utilização de bancários para fazer transporte de valores e alarmes inoperantes.
A Ccasp é integrada por representantes dos bancários, da federação dos bancos (Febraban), vigilantes, empresas de vigilância, empresas de transporte de valores e empresas de formação de vigilantes, entre outros.