Arícia Martins e Tainara Machado
Valor Econômico | De São Paulo
O mercado de trabalho brasileiro passa por uma mudança significativa. Nas seis principais regiões metropolitanas do país a oferta de emprego desacelera desde o início do ano; nas demais regiões, a tendência é inversa. As seis maiores regiões metropolitanas geraram menos vagas formais no primeiro trimestre de 2014 do que no mesmo período do ano passado. Houve uma queda de quase 9%.
No restante do país, o saldo líquido entre admissões e demissões aumentou 22,6% de janeiro a março, na comparação com igual período de 2013. Os cálculos são do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Cálculos da LCA Consultores com base no Caged indicam que a participação do interior na geração de empregos com carteira por Estado cresceu em 2013. No Rio de Janeiro, por exemplo, a parcela referente às áreas fora da região metropolitana no total de vagas formais abertas subiu de 16,9% em 2012 para 27,2%. No Rio Grande do Sul, chegou a 64,1%, ante 58,8% no ano anterior.
Segundo Rodrigo Leandro de Moura, do Ibre-FGV, a tendência de melhor comportamento do emprego fora das grandes capitais foi acentuada neste início de ano. Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE, que abrange mais de três mil municípios, o desempenho do interior na criação de novas ocupações também tem sido mais favorável, diz ele. No último trimestre de 2013, as regiões com maior aumento no contingente de ocupados sobre o mesmo período de 2012 foram o Nordeste e o Centro-Oeste, com alta de 3,4% e 3,3%, respectivamente.
Moura diz que as pressões de custos nas regiões metropolitanas podem estar levando o setor industrial a migrar para o interior. Fabio Romão, da LCA, avalia que a maior geração de vagas em cidades menores está mais relacionada à dinâmica atual da atividade, em que o comércio exterior perdeu espaço para o mercado interno, diante da lenta recuperação da economia global.
Para Leonardo Souza, diretor-executivo da Michel Page, os profissionais também têm procurado uma maior qualidade de vida e, por isso, hoje é mais aceita a ideia de que é possível construir uma carreira fora das grandes cidades.