Assembleia histórica dos funcionários no Rio aprovou greve
O BNDES frustrou novamente a expectativa dos funcionários, durante rodada de negociação específica ocorrida na tarde desta sexta-feira (7), no Rio de Janeiro. O banco não apresentou nada de novo, exceto a nova coordenadora da comissão de negociações sob alegação de que mudou o superintendente. E disseram que o banco tem o propósito de retomar os debates.
“A reabertura do diálogo é importante, mas o banco já conhece a pauta específica de reivindicações há mais de 60 dias, todos os demais bancários já estão com os seus acordos assinados e, de fato, o que ainda temos é uma proposta global problemática e insuficiente”, afirma Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.
“Essa postura da diretoria do BNDES aumenta a importância da paralisação de 24 horas, marcada para a próxima quarta-feira (12)”, salienta. A mobilização foi aprovada em assembleia histórica com 1.087 funcionários, na terça-feira (4), no auditório Arinos Ramos Ferreira, no Rio. “Somente com pressão será possível quebrar a intransigência e arrancar uma proposta decente para renovar o acordo com avanços”, salienta Miguel.
A paralisação foi aprovada por 705 votos a favor e 327 contra, seis brancos e seis nulos. Para o diretor do Sindicato dos Bancários do Rio, José Proença, o Paquetá, a participação em massa e a capacidade de organização dos bancários nesta campanha são um fato histórico para a categoria. “Foi uma assembleia que expressou a legitimidade do movimento e a força da participação dos funcionários do banco”, ressalta.
“O caminho para conquistar uma proposta satisfatória do BNDES é a mobilização. Por isso, é importante a unidade e participação de cada funcionário na paralisação de 24 horas. A hora de fazer pressão é agora. Só conquista quem vai à luta com organização e força”, aponta o diretor da Contraf-CUT.
Desrespeito às negociações
Além de surpresos, os dirigentes sindicais viram com indignação e desrespeito ao processo negocial a substituição, sem qualquer justificativa, do coordenador da comissão de negociação das empresas do Sistema BNDES, que vinha há alguns anos à frente da representação patronal.
“Sem querer personalizar o debate ou querer interferir nas indicações da empresa, mas em meio a uma negociação difícil, com aprovação em assembleia massiva dos empregados para paralisação de 24h no próximo dia 12, justamente pelo sentimento de indiferença que a empresa vem demonstrando ano após ano com as legítimas reivindicações dos empregados, procurar transferir essa ‘culpabilidade’ para o coordenador da comissão é mais uma demonstração do despreparo da direção do banco, no mínimo, no tocante as questões relacionadas à área de RH”, avalia Miguel.
“A medida é inoportuna em razão do momento em que se encontram as negociações coletivas na empresa, além de estarmos no final desse mandato do Governo Federal e às vésperas de novas definições políticas estratégicas para o país, inclusive na área econômica e social, onde o BNDES se insere, o que possivelmente implica em remanejamentos e substituições nas funções estratégicas nas empresas públicas”, projeta o dirigente sindical.
A Contraf-CUT em todas as ações propugna pelo respeito mútuo, ética e justiça nos procedimentos de que participa. “Em nome desses princípios, vamos procurar junto aos órgãos superiores do controlador explicações por tamanho desrespeito ao processo negocial e a apuração dos fatos, para que medidas que transparecem injustiças pessoais não acobertem nenhum tipo de incompetência ou interesses”, conclui Miguel.