Enquanto a imprensa brasileira faz uma cobertura superficial e tendenciosa sobre o plano do governo para o pré-sal, a mídia estrangeira tem publicado matérias consistentes e detalhadas. A imprensa internacional tem destacado a importância do pré-sal para o Brasil e para a indústria petrolífera mundial e até tem comemorado a conquista. Já os meios de comunicação do nosso país adotaram um tom de fofoca, com críticas rasas e sem fundamento.
“É insuperável a incapacidade de alguns jornais de abordar de forma consistente temas relevantes. A cobertura segue invariavelmente o padrão da exploração de conflitos, a idéia do jogo de futebol, em que se tem um vencedor e um perdedor, um acusador e uma vítima. É um jornalismo da Candinha, que, em cada entrevista, escolhe a frase que pode gerar fofoca”, escreve o jornalista Luís Nassif em seu blog.
Para ele, o pré-sal é um tema que conquistou interesse mundial e praticamente toda imprensa internacional está acompanhando esse evento, analisando as medidas, suas conseqüências para o país e para a indústria do petróleo.
“Mas, quando se entra no índice da Folha, quais são os temas principais: A Eliane Cantanhêde abordando a importantíssima parte do discurso de Lula em que ele critica o modelo de FHC. Em um evento que – para o bem ou para o mal – entrará para a história do país, selecionou a parte que amanhã já terá sido esquecida”, comenta Nassif. A matéria principal do caderno Dinheiro é: “Lula lança pré-sal com ataque a tucanos”.
Cobertura estrangeira
Enquanto isso, o jornal britânico The Guardian relata em sua reportagem de terça-feira 1º que Lula “prometeu injetar bilhões de petrodólares na guerra contra a pobreza após as maiores descobertas de petróleo da década”. E acrescenta que a nova legislação permitirá que os lucros sejam usados para “cuidar” da educação e da pobreza de uma vez por todas.
O Wall Street Journal realçou as promessas de riqueza e desenvolvimento feitas por Lula, mas afirma que o país terá de superar as dificuldades encontradas por gerações de governantes sul-americanos: “transformar a riqueza de vastos recursos naturais em uma máquina de desenvolvimento”.
Já o The New York Times enfatizou a “mudança nacionalista” do país, que fortalece a atuação estatal da Petrobras na exploração da camada. “O governo brasileiro propôs mudanças às leis existentes na segunda-feira para dar o papel principal no desenvolvimento das reservas-chave de petróleo em águas profundas para a gigante estatal da energia, a Petrobras, em detrimento das rivais estrangeiras”, observa.