A dois dias das eleições no Chile, fantasmas assustam os dois candidatos que estão na disputa: os votos brancos e nulos. Para evitar que isso ocorra, a presidente chilena, Michelle Bachelet, até então discreta no apoio ao seu candidato, apelou ao eleitorado: “Não vote branco nem nulo”. Para os analistas políticos chilenos, esta é a eleição mais concorrida dos últimos 20 anos – impondo uma disputa direta entre esquerda (governista) e direita.
Oficialmente o candidato da oposição Miguel Sebastián Piñeira, da coligação Alianza (centro-direita), e o governista e ex-presidente Eduardo Frei Ruiz, da Concertación (de Bachelet), encerraram as campanhas. Ambos fizeram comícios, reuniram correligionários de peso, como políticos e intelectuais, em busca de ampliar a margem de votos.
Pesquisas recentes indicam que Piñeira teria 50,9% das intenções de voto, enquanto Frei ficaria com 49,9%. A vitória com uma folga para um dos lados obrigaria que cerca de 410 mil eleitores indecisos se definam até o próximo domingo (17), dia das eleições. No total, são aproximadamente 9 milhões de eleitores.
Piñeira criticou o que chamou de intervenção de Bachelet, que atacou os votos em branco e nulo. Reiterou que seu governo será diferente do atual e defendeu a necessidade de mudança. Foi o mesmo tom que usou no primeiro turno das eleições.
“Quero pedir aos chilenos, com humildade, mas muito entusiasmo que podemos ter um governo que trabalhe de forma honesta e sem descanso para melhorar a vida de todos”, disse Piñeira, no seu último comício, na noite de ontem (14).
Como Bachelet, Frei pediu que o eleitorado não vote branco nem nulo. Também prometeu trabalhar intensamente, se for eleito. “Vamos no domingo trabalhar e defender nosso voto. Que ninguém vote nulo nem em branco porque é a negação da democracia”, disse ele, no comício de ontem.
Um dos homens mais ricos do Chile, Piñeira construiu sua campanha como o símbolo da mudança. Ele é proprietário da empresa aérea internacional Lan Chile, da rede de televisão Chile Visión e do time de futebol Colo Colo. O discurso do empresário atrai o eleitorado mais rico, mas também chama a atenção dos menos favorecidos, que esperam mudanças na área social.
Ex-presidente do Chile, de 1994 a 2000, Frei encerrou sua gestão com um dos piores índices de aprovação de seu país. Foi diretamente atingido pela crise financeira mundial, de 2000, e também é criticado por ter um estilo distante e pouco afetuoso.