Apesar de ser maioria da população e ter mais tempo de estudo, as brasileiras ainda são minoria no mercado de trabalho e ganham, em média, menos que os homens. A continuidade da existência da discriminação de gênero nas empresas ficou clara durante o debate sobre “A situação da mulher no mercado de trabalho”, promovido pela CUT/RJ, na última sexta-feira, dia 22, no Rio de Janeiro.
Nos bancos a discriminação também é clara. As mulheres já ocupam 49% dos postos de trabalho em todo o país. Apesar de ser um avanço, ao ser admitida a bancária ganha R$ 2.318,33 em média, 22,9% a menos que os bancários, segundo o Dieese. Ao sair, a diferença é ainda maior, em média, 25,6% a menos.
A vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, Adriana Nalesso (foto), lembrou que as desigualdades existem e precisam ser superadas. “Ainda somos preteridas em relação aos homens e ganhamos menos, ainda temos muitas barreiras a serem derrubadas. Não queremos ser mais que os homens e, sim, ter o direito à igualdade salarial e de ascensão profissional”, afirmou.
Disparidades
No início do debate, do qual participaram dirigentes de vários sindicatos e da CUT, a economista do Dieese, Carolina Gagliano, demonstrou a disparidade existente entre homens e mulheres, levando em conta a empregabilidade, o salário médio e as promoções.
Ela frisou que a desigualdade de tratamento, em todos os setores da economia, não tem a ver com o nível de escolaridade, uma vez que mulheres com mais tempo de estudo, ou até mesmo carga horária, recebem remuneração inferior aos homens, mesmo ocupando a mesma função.
A economista chamou a atenção para a existência de um grande gargalo que tem a ver com a não valorização do trabalho feminino. Lembrou que as funções de chefia e comando ainda são muito relacionadas ao sexo masculino. Nas grandes empresas a desigualdade é reveladora. Menos de 14% dos cargos de diretoria das 500 maiores empresas do Brasil são ocupados pelo sexo feminino.
Em relação aos salários, as mulheres obtêm renda anual média de R$ 1.097,93, enquanto os homens atingem R$ 1.518,31, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.
A diretora da Secretaria de Políticas Sociais do Sindicato, Kátia Branco, lembrou que a inserção da mulher no mundo do trabalho ao longo dos anos é marcada por um elevado grau de discriminação. “Principalmente no que se refere à desigualdade salarial. Nós, da direção do Sindicato, sempre pautamos, nas negociações com os banqueiros, o fim da discriminação de gênero”, afirmou.