Parece inacreditável, mas o Conselho de Administração do Banco do Brasil eliminou a vice-presidência que tem a função de cuidar da enorme legião de 112 mil funcionários. Acabou com a Vice-presidência de Gestão de Pessoas e, no seu lugar, criou uma nova vice-presidência, a de Serviços, Infraestrutura e Operações.A área de gestão de pessoas é rebaixada de status e será agregada ao pilar de varejo, aumentando o tamanho da nova Vice-presidência de Distribuição, Varejo e Gestão de Pessoas.
A alteração foi comunicada ao mercado através da diretoria de Relações com Investidores. A nova vice de serviços será ocupada por César Borges, ex-governador da Bahia, e a turbinada vice de Varejo será comandada por Paulo Ricci, que já ocupa o cargo. O pilar varejo já emprega mais de 75% dos funcionários do BB.
O mercado pode até ter gostado da mudança, já que não há nenhum aumento na estrutura do banco. Mas os funcionários não têm o que comemorar. Extinguir a vice-presidência de pessoas mostra a falta de atenção e importância que a direção do banco dá a seus funcionários.
Uma empresa bissecular com mais de 110 mil trabalhadores, com uma cultura corporativa forte que precisa ser valorizada, com um corpo gerencial e funcional da melhor qualidade, dedicado ao crescimento do banco, não pode relegar a relação com seus trabalhadores ao segundo plano.
O recado que a direção do banco dá é que a valorização profissional, o encarreiramento, o respeito às pessoas, o trato das questões salariais, a atenção às demandas das pessoas virá a reboque dos negócios do banco. O que interessa é produzir sob pressão, vender produtos, bater metas e mais metas, disseminar o assédio moral e todas as características que a área de varejo do banco aprofundou ao longo do tempo.
“Esta reestruturação é consequência das mudanças equivocadas que a direção do banco vem fazendo. Desde que o banco retirou as palavras sociedade, pessoas e funcionalismo de sua missão, a falta de atenção aos trabalhadores só aumenta. Outra coisa importante é que mais uma vez o BB anuncia mudanças de nomes e não inclui mulheres no alto escalão do banco”, avalia Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.