“O setor que mais lucra é também o que tem maior índice de adoecimento”, disse o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia (5ª Região), Luís Carneiro, durante a abertura da a audiência pública Retrato do Adoecimento no Setor Bancário no Estado da Bahia, realizada na sexta-feira (27) na sede do MPT da Bahia, em Salvador. Na ocasião, foi lançado um relatório com informações sobre o adoecimento no setor bancário.
Para Carneiro, o estudo é fundamental para encontrar formas de se evitar o aumento dos casos de adoecimento dos trabalhadores bancários, que passa por muitos riscos de adoecimento.
O secretário de Saúde do Trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Walcir Previtale, representou a entidade na audiência e disse que o Sindicato dos Bancários da Bahia (Seeb/BA), a Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe (Feeb/BA-SE), o MPT-5 e os demais envolvidos estão de parabéns. “O relatório traz dados apenas do estado da Bahia, mas, com certeza, servirá de embasamento para os debates nacionais e pode nortear um estudo que abranja um território maior e seja replicado em outros estados”, afirmou.
Walcir ressaltou que, para a Contraf-CUT, a Saúde do Trabalhador é um direito humano fundamental e indisponível (princípio norteador). O dirigente lembrou ainda que a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria garante aos trabalhadores e aos seus representantes o direito de participarem da elaboração de políticas de saúde dos bancos, bem como de analisar e avaliar as políticas adotadas.
Outra reivindicação da Contraf-CUT é a implementação da Convenção 161 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê a participação dos trabalhadores nos serviços médicos da empresa.
Para Walcir, a participação da Contraf-CUT foi fundamental para mostrar que a mesma realidade observada na Bahia é verificada em todo o país e apresentar o posicionamento da representação nacional da categoria.
“As falas dos órgãos da mesa principal e os dados apresentados deixam claro que os problemas laborais do bancário se tornaram um caso de saúde pública. Iniciativas estruturais são necessárias diante dessa realidade”, disse o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos.
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) também foi representada. Disse que precisará de um tempo ´para analisar os dados, mas, já adiantou que não tem como concordar com os dados, pois, para a federação dos bancos, o adoecimento da categoria não é tão grave, uma vez existem pessoas com 30 anos de carreira nos bancos. Disse ainda que casos de adoecimento após ocorrências de assaltos são de responsabilidade da segurança pública.
“Passaram uma imagem de que tudo está em perfeitas condições dentro dos bancos e, como sempre, desqualificou o estudo que explicita o adoecimento dos bancários”, criticou o secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT.
O MPT deu um prazo de 30 dias para que a Fenaban se manifeste sobre o “Retrato do Adoecimento no Setor Bancário no Estado da Bahia”.
Leia o relatório completo.
Leia também:
> Contraf-CUT lança campanha em defesa da saúde dos trabalhadores
> Revista dos Bancários visa subsidiar debates sobre saúde
> Contraf-CUT vai ao MPT para discutir políticas de saúde dos bancos
> Mesa Bipartite de Saúde do Trabalhador avança com criação de Grupo de Trabalho
> Contraf-CUT e Fetec-CUT/PR debatem sobre consequências da reforma trabalhista para a saúde do trabalhador
> Cláusulas de Saúde são ameaçadas por reforma trabalhista