Manifestações e travamentos de rodovias e avenidas organizados pela Frente Brasil Popular, em protesto contra a proposta de impeachment da presidenta da República, Dilma Rousseff, são realizados em onze estados na manhã desta terça-feira (10). São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso, Piauí, Paraíba, Natal, Rio Grande do Sul, Bahia, Espírito Santo e Pernambuco amanheceram com movimentos sociais e sindicatos nas ruas, denunciando o que consideram um golpe contra a democracia brasileira, cujo objetivo seria a cassação de direitos dos trabalhadores e de programas sociais.
Para Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), a argumentação usada para o processo de destituição de Dilma é uma violência contra a democracia. “Eles podem dizer que é uma violência fechar uma avenida como a 23 de Maio e outros pontos na cidade de São Paulo. Mas não é uma violência em comparação com o que eles estão fazendo com a Constituição Brasileira. Está tendo um processo de impeachment que não tem embasamento jurídico, essa é a maior violência”, ressaltou em entrevista à Agência Brasil.
Os movimentos que compõem a frente temem que um eventual governo do vice-presidente Michel Temer ataque os direitos trabalhistas e os programas sociais. “Um eventual governo Temer já sinalizou que será um governo de ataque às conquistas dos trabalhadores, no sentido das leis trabalhistas e previdenciária, dos programas sociais e da própria soberania do nosso país”, disse Bonfim.
Na capital paulista foram bloqueadas a Marginal Pinheiros, na altura da ponte João Dias, no sentido Castello Branco; a Marginal Tietê, na altura da ponte Aricanduva, no sentido Castello Branco; a Avenida 23 de Maio, na altura do Terminal do Bandeira e o acesso ao Aeroporto de Guarulhos, na Rodovia Hélio Schmidt. Os manifestantes incendiaram pneus e pedaços de madeira para bloquear as vias. A avenida Luís Carlos Berrini, próximo a sede da Rede Globo, também foi bloqueada.
No Rio Grande do Sul, os dois sentidos das rodovias BR-116 e BR-290, que dão acesso à capital, Porto Alegre foram fechados. No Rio de Janeiro, às 6h, os manifestantes atearam fogo em pneus bloqueando os dois sentidos da rodovia Rio-Santos (BR 101), na altura do km 394, em Itaguaí. A Refinaria Duque de Caxias (RJ) também foi paralisada.
Em João Pessoa, na Paraíba, cerca de 200 manifestantes travaram a garagem da empresa de ônibus Transnacional, na BR-230. Nesta ação, além de mobilização contra o impeachment, o grupo protesta contra a dupla função aplicada aos motoristas, que também trabalham como cobradores. No interior do Piauí, as cidades de Picos e Amarante também registram mobilizações.
No Espírito Santo, um grupo bloqueia a saída de Vila Velha em direção a Vitória. Já na capital, manifestantes protestam diante do Palácio Anchieta. Apesar de forte chuva em Mato Grosso do Sul, um grupo de manifestantes bloqueia também a BR-267. Em Recife, a BR-101 Sul, que liga a capital à cidade de Jaboatão também está travada. E em Natal, os motoristas cruzaram os braços contra o impeachment e o risco de ataques aos direitos trabalhistas.
Os protestos na Bahia acontecem na capital, Salvador, nos bairros de Itacaranha, Praia Grande, Estrada do Derby, na Avenida Suburbana e na rotatória de Periperi. A entrada do campus Ondina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) também está bloqueada. Há vários pontos de bloqueio na BR-324, altura do km 592, e na BR-101, altura do km 527.
A capital paranaense amanheceu com milhares de balões de gás espalhados nas praças da região central, com a frase “fica querida”, em mobilização contra o impeachment.