Movimento Intersindical Unificado de Jundiaí se prepara para novos atos contra as reformas trabalhista e da previdência

O Movimento Intersindical Unificado de Jundiaí e Região realizou mais uma reunião nesta sexta-feira (24) para traçar ações contra as reformas trabalhista e da Previdência. Formado por 16 entidades, o Movimento vai acompanhar a convocação das centrais sindicais, que realizam mais um grande ato no dia 31/3 e se preparam para uma greve geral em todo o país.

Para os sindicalistas, as reformas vão levar as famílias brasileiras à miséria. A presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Jundiaí e Região, Fé Juncal, disse que muitos municípios vão quebrar com o desmonte imposto pelo governo Temer. “A reforma da Previdência vai quebrar a economia de muitos municípios brasileiros que dependem das aposentadorias e pensões. Será um verdadeiro caos”. Fé Juncal disse que o governo tem que provar o déficit na Previdência. “A prerrogativa de que há déficit é uma falácia. Se é mesmo deficitária, como conseguem tirar tanto dinheiro do caixa da Seguridade Social para pagar juros da dívida pública?”, questiona ela, referindo-se à DRU (Desvinculação de Receitas da União), que permite ao governo federal usar livremente 30% dos recursos destinados à previdência, assistência social e saúde. “O cálculo dos benefícios sofrerá alterações, diminuindo ainda mais o valor das aposentadorias. Quem já está aposentado também vai sofrer com essas medidas porque vai faltar dinheiro no caixa”, ressalta Fé Juncal, lembrando que, com a reforma, a pensão por morte será desvinculada do salário mínimo, tendo seu valor reduzido.

O diretor do Sindicato dos Alimentícios, Marcos Tebom, informa que a Previdência é superavitária. “Quem precisa pagar essa conta são as empresas que devem para a Previdência e não o trabalhador com a retirada de direitos”. O sindicalista se refere às empresas públicas e privadas que devem mais de R$ 426 bilhões ao Regime Geral da Previdência, entre elas bancos e grandes empresas como a Vale e a JBS, da Friboi.

Tebom informa que o Movimento Intersindical exige uma auditoria no caixa da Previdência. “É necessário que o governo revise a política das desonerações, das isenções fiscais e crie mecanismos para acabar com as sonegações”.

“Não é reforma. É exclusão!”

De acordo com as lideranças sindicais, a reforma imposta pelo governo Temer vai aprofundar as desigualdades sociais. Os trabalhadores rurais e de chão de fábrica, por exemplo, dificilmente conseguirão se aposentar aos 65 anos, idade mínima exigida pela reforma. “Muitos são demitidos quando começam a envelhecer”, ressaltam. Para o Movimento, um dos piores pontos da reforma é a contribuição de 49 anos. “Nesse meio século de contribuição a pessoa jamais poderá ficar desempregada. O projeto não considera a rotatividade da mão-de-obra e nem a idade de entrada no mercado de trabalho. Não se trata de uma reforma. É uma exclusão”, afirmam.

Terceirização

Na noite da última quarta-feira (22), a Câmara dos Deputados aprovou, a toque de caixa, o projeto de lei 4302, que libera a terceirização irrestrita combinada com trabalho temporário, para todas as atividades. “A aprovação da terceirização promove um retrocesso de dimensões históricas, permitindo o padrão de exploração do século 19 e penalizando, sobretudo, o trabalhador mais pobre”, afirma o Movimento.

As mulheres serão as mais prejudicadas nas reformas. “Já existe desigualdade no mercado de trabalho, com salários menores e a dupla jornada. Com a terceirização, as mulheres vão perder a estabilidade de emprego durante a gestação”, disse Clayde Oliveira, vice-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Jundiaí e Região, Douglas Yamagata, disse que a terceirização vai fragilizar o trabalhador e suas famílias.  “As empresas vão demitir seus empregados e substituí-los por trabalhadores terceirizados pela metade do salário e sem direitos, como aviso prévio e multa do FGTS, e com contrato de trabalho válido apenas por seis meses. Ou seja, a terceirização é um verdadeiro aluguel de pessoas”.

O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea e Campo Limpo Paulista, Wilson Ribeiro (Med), disse que em um ano de governo Temer o país retrocedeu em um século. “A CLT e a Previdência foram jogadas no lixo. A aprovação dessas reformas pelo governo Temer será o massacre total de direitos históricos”.

 Movimento é marco

O encontro contou com várias lideranças sindicais e também com o secretário de Comunicação da Contraf-CUT, Gerson Pereira, que elogiou a criação do Movimento. “A união de vocês é um marco nesse momento histórico de crise e de retirada de direitos, demonstrando a imensa força dos trabalhadores e dos sindicatos”.

Deputados votam contra o trabalhador

Dos 513 deputados federais, 231 votaram a favor da terceirização. Entre eles o deputado Miguel Haddad (PSDB), único representante do legislativo federal na região de Jundiaí. “Infelizmente, o deputado votou contra os trabalhadores, permitindo uma reforma que vai jogar o trabalhador na miséria. Os únicos favorecidos serão os patrões”, disse Douglas Yamagata.

No último dia 18 de março, o Movimento reuniu-se em audiência com o deputado Miguel Haddad. Na ocasião, os sindicatos entregaram ofício, exigindo que seja feita uma auditoria no caixa da Previdência e que se abra um amplo debate com a sociedade antes de qualquer reforma. Ações contra a Reforma

O Movimento Intersindical Unificado tem promovido várias ações para orientar a população sobre a retirada de direitos, como o ato do último dia 15 de março que reuniu milhares de pessoas em todo o país. Em Jundiaí, a mobilização aconteceu no centro cidade, com grande participação da população. As entidades também estão promovendo assembleias em portas de fábricas, reuniões de bairro, pesquisa e abaixo-assinado.

O Movimento Intersindical Unificado de Jundiaí e Região é composto pelos sindicatos dos Alimentícios, Apeoesp, Associação dos Aposentados, Bancários, Ceramistas, Comércio, Construção Civil, Gráficos, Metalúrgicos, Servidores de Itupeva, Servidores de Jundiaí, SinDAE, Sinpro, Sintra Cargas, Subsede da CUT, Transportes Rodoviários.

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