Uma intervenção com pessoas simbolizando fantasmas e zumbis ocupou a agência regional do Bradesco da rua Barão de Jundiaí, no centro de Jundiaí, na terça-feira (21), em um protesto organizado pelo Sindicato dos Bancários contra um efeito da crise que ao lado da ameaça do desemprego atinge também os trabalhadores empregados.
O chamado assédio moral envolve as exigências excessivas e a uma pressão psicológica dos cargos de chefia. Nesse caso, o alvo foi um superintendente regional do Bradesco nas regiões de Jundiaí e Bragança Paulista que também estava sendo denunciado naquele mesmo momento em uma reunião em São Paulo.
O ato foi registrado por muitos clientes ou moradores da cidade que passavam pelo calçadão. Além de pessoas fantasiadas, também envolvia um caixão fúnebre (falso) e bexigas pretas que levavam a frase “aqui tem assédio moral” até o teto da agência.
Os diretores do sindicato denunciavam no microfone os efeitos desse tipo de assédio, que envolve muitos trabalhadores afastados por problemas de saúde física e mental e até mesmo a impossibilidade de retorno ao trabalho normal. E funcionários que deixavam a agência confirmavam em conversas informais que o problema existe.
Um dos maiores desafios desse assunto é que os empregados atingidos procuram ajuda somente nos momentos mais extremos. De acordo com o sindicato, em bancos públicos é mais comum haver a denúncia e somente agora crescem os registros nos bancos privados (que seguem batendo recordes de lucratividade mesmo com a crise).
Denuncie!
A orientação nacional para o problema, divulgado durante o ato, é marcar detalhes de ligações telefônicas, fazer cópia de mensagens ou documentos sobre abusos, evitar conversar sozinho com o autor do assédio moral e buscar apoio dentro e fora da situação pela importância do afeto e da solidariedade.
Pelos casos descritos, alguns diretores chegaram a ironizar o assédio moral apontando que chega a ser “assédio mortal” para alguns trabalhadores. Um comentário alinhado com a forma criativa com que o Sindicato dos Bancários de Jundiaí chamou a atenção do público em geral para o problema.
Sindicato se reúne com Relações Sindicais do Bradesco em SP
Enquanto ocorria a mobilização em frente à agência regional do Bradesco, o Sindicato participava de uma reunião em Osasco (SP) com a gerente de Relações Sindicais, Eduara Cavalheiro. O presidente do Sindicato, Douglas Yamagata, e o diretor Sandro Bacan foram acompanhados de Wanderson Romolo Machado, diretor do Sindicato de Bragança Paulista, revelando que as denúncias de assédio moral estão partindo de várias cidades e sindicatos.
Douglas Yamagata contou que o Sindicato jamais teve uma situação semelhante a essa com um gestor regional. “De todos os gerentes regionais que passaram recentemente, nunca chegamos neste patamar vivenciado com o atual regional. Sabemos sobre a conduta dele em outros lugares em que passou e pelo jeito não foi diferente. As denúncias são pesadas e por este motivo solicitamos ao banco que se tome uma providência imediata.”, disse.
O diretor do Sindicato de Bragança Paulista disse que o banco perde muito com a postura agressiva de alguns gestores. “A regional de Jundiaí sempre esteve no topo da lista em vendas. Atualmente desceu no ranking, comprovando que a conduta de pressão por metas não funciona, justamente porque desmotiva os empregados”. De acordo com Wanderson, as denúncias evidenciam a falta de liderança e gestão motivacional.
Para a gerente Eduarda Calheiro, o canal aberto de comunicação entre o Sindicato e o banco é de suma importância, possibilitando uma resolução de forma equilibrada.