Financial Times
George Parker e Chris Giles, de Londres
Alistair Darling, o ministro das Finanças do Reino Unido, sugeriu ontem fazer um acordo global “para garantir contra a possibilidade de falha no sistema bancário no futuro”, além das taxas que incidirão sobre o setor bancário, já anunciadas no Reino Unido, França e EUA.
Autoridades dos ministérios das Finanças de todo o mundo se reunirão em Londres na próxima semana para discutir as opções, que poderão incluir uma taxa cobrada dos bancos para cobrir o seguro implícito que recebem do contribuinte, ou uma chamada taxa Tobin sobre transações financeiras.
Darling disse que o Reino Unido não copiará a ideia do presidente dos EUA Barack Obama, de cobrar uma taxa retroativa para recuperar os custos do resgate do setor bancário, mas disse que continua pressionando pela adoção de medidas muito mais permanentes para se proteger contra uma crise futura.
O ministro das Finanças disse ao “Financial Times” que o Reino Unido já tomou providências para recuperar o dinheiro que investiu na operação de salvamento dos seus bancos. “Nosso objetivo é reaver o nosso dinheiro”, ele disse. “Se pudermos fazer algo melhor do que isso, nós o faremos”.
Tanto Darling como George Osborne, o ministro paralelo das Finanças do partido conservador, de oposição, estão tentados pela ideia de cobrar os bancos para cobrir o risco residual aos contribuintes, decorrente de crises futuras.
O Fundo Monetário Internacional relatará as opções aos ministros das Finanças do mundo em abril, e Darling afirmou: “É extremamente importante que tenhamos uma abordagem global coerente”.
O ministro inglês continua preocupado com o fato de que bancos em alguns países europeus – incluindo a Alemanha e alguns no Leste Europeu – ainda estejam sentados sobre “ativos tóxicos”, representando um perigo potencial para a recuperação econômica.
Darling salientou que o imposto instituído por Londres sobre gratificações de executivos de bancos superiores a 25 mil libras esterlinas, semelhante à iniciativa adotada na França, seria “excepcional”, e que não seria repetida.
O ministro afirmou que quer manter a competitividade da City (centro e setor financeiro) de Londres, dizendo aos executivos de bancos do Reino Unido que a nova alíquota de 50% de imposto de renda não é “ideológica”, mas necessária para enfrentar o déficit orçamentário.
Avalia-se que o Reino Unido saia formalmente da recessão quando os dados sobre crescimento do quarto trimestre de 2009 forem divulgados na próxima semana, fornecendo estímulo para o governo trabalhista antes da esperada eleição de 6 de maio.
Darling tem travado uma luta interna com Gordon Brown, o premiê, para destacar a necessidade de realizar cortes nos gastos.