O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, prestigiou na última sexta-feira (6) a cerimônia de lançamento da TVT digital, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, e falou com a Rádio Brasil Atual sobre a cobertura da imprensa no caso Petrobras, e a necessidade de se fazer o debate sobre a regulação dos meios de comunicação.
Ele diz que há uma tentativa, por parte dos veículos da mídia tradicional, de vincular ao governo os casos de corrupção de que são acusados alguns altos servidores da empresa, mas que isso não pode contaminar o debate sobre a necessária regulação do setor.
“Nós sabemos que existem posições políticas que se expressam através de alguns órgãos (de imprensa). Nós entendemos que isso faz parte da democracia. O que não podemos, nunca, é acreditar que haverá um equilíbrio nesse tipo de cobertura, isso seria ingenuidade”, falou à repórter Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.
O ministro lembra que as atuais tentativas de manipulação de escândalos para atingir o governo não são novas e se repetem ao longo da história. “Não é diferente, por exemplo, de situações críticas que ocorreram no governo Vargas, ou durante o governo Juscelino Kubitschek. Não é diferente de situações que ocorreram durante a ditadura militar, nem situações que ocorreram durante a democracia, a partir da redemocratização.”
Ainda sobre a cobertura política dos meios de comunicação, o ministro lembra de casos que não despertaram o mesmo interesse dos grandes veículos, como os casos HSBC, Metrô/CPTM de São Paulo e o mensalão tucano mineiro: “São vários casos que ocorreram, ao longo desse período, que não mereceram o destaque que outros, que têm algum nível de correlação com o governo do PT acabam tendo. Mas não é novidade”.
Sobre a regulação da mídia, o primeiro passo, diz o ministro, é fazer um “debate didático, pedagógico, abrindo espaço para que todos possam falar e mostrar que já existe, no mundo inteiro e também no Brasil, uma legislação a respeito”.
“Já existem dispositivos, premissas e princípios. É preciso discutir se está bom, ou não está bom. Claro que nós temos uma conjuntura tensa, difícil, mas vamos saber conduzir com tranquilidade. Não temos uma crise institucional. Temos é uma tentativa de fomentar uma crise política”, afirma Berzoini.
Não existe um padrão no mundo para a regulamentação, diz o ministro, que comenta iniciativas que deram certo, e outras nem tanto, mas que a principal característica de qualquer mecanismo legislativo que trate da mídia é sempre a dualidade: “Preservar como principio a liberdade de expressão, mas combinar essa liberdade com direitos fundamentais do ser humano e a preocupação com a democracia”.