Trabalhadores repudiam reforma que reduz salários e barateia demissões
A indignação com a proposta de reforma trabalhista em discussão no Parlamento da Espanha levou no domingo (11) milhares de manifestantes às ruas de Madri. Com palavras de ordem, eles pediram justiça e eficiência. Os manifestantes levavam bandeiras vermelhas, de sindicatos e faixas com slogans e críticas ao governo.
As principais entidades sindicais da Espanha, a Comissão Operária (CCOO) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), convocaram as manifestações em 60 cidades. No próximo dia 29, haverá uma greve geral, promovida pelas duas entidades.
O secretário-geral da UGT, Colin Campbell, disse que as medidas adotadas pelo governo para resolver a crise econômica mundial não são temporárias. “O governo tem feito um uso imoral da crise para acabar com tudo”.
O professor aposentado Antonio Martinez, de 64 anos, participou do protesto em Madri. Ele levava uma faixa com a seguinte inscrição: “Para os nossos netos não se tornarem escravos”.
Pela proposta aprovada pelo governo e em discussão no Parlamento, a reforma trabalhista torna as leis contratuais mais flexíveis. As medidas permitirão, por exemplo, que as empresas espanholas refaçam acordos coletivos, tenham mais flexibilidade para ajustar horários, tarefas e salários dos empregados, além de baratear as demissões.
É a terceira proposta de reforma trabalhista apresentada pelo governo espanhol. O desemprego na Espanha afetou 22,85% da força de trabalho no fim de 2011. Essa taxa é quase três vezes maior do que a de 2007, quando o desemprego atingiu 7,95%.
A decisão dos sindicalistas de promover a paralisação geral ocorreu após uma sessão tensa no Congresso Nacional da Espanha, quando integrantes do Partido Popular (PP) criticaram a proposta de contenção de custos trabalhistas apresentada pelo governo.
Para as entidades sindicais, a proposta em discussão, se executada, pode levar à redução dos salários, à precarização dos empregos e ao aumento da desigualdade econômica e social, gerada pelo empobrecimento da população. Segundo os sindicalistas, a proposta retira direitos adquiridos pelos trabalhadores ao longo dos anos.
A Espanha viveu recentemente manifestações tensas. A maior delas foi no último dia 19, quando os manifestantes saíram às ruas em 57 cidades. A reforma trabalhista foi aprovada pelo governo no último dia 10.