Durante o painel “Veículos de Comunicação Alternativa” do Seminário de Comunicação da Contraf-CUT, na manhã desta quinta-feira (23), Rafael Vilela, comunicador da Mídia Ninja, uma rede alternativa de esquerda, ressaltou uma nova forma de comunicação ‘Fora do Eixo’, uma plataforma de comunicação que surge através de coletivos independentes, coletivos contrários e que se reconheceram como iguais. “A mídia ninja vive a realidade fora do eixo, com uma nova compreensão da cultura, enquanto lugar no mundo. Iniciamos uma comunicação independente num contexto de políticas públicas muito avançado na área cultural, na era Lula e Dilma, onde a economia caminhava relativamente muito melhor comparada com a de hoje. Iniciamos um processo de desintermediação muito forte através da música. Era a ascensão das ferramentas tecnológicas sem ter as grandes corporações e os grandes selos da música como intermediários. Fazíamos a contra narrativa cultural, com espaço para novos artistas. A distribuição de música criou um novo mundo possível neste imaginário”, explicou Rafael.
Segundo o comunicador, o surgimento da mídia ninja partiu da vontade de fazer e da possibilidade de trazer o mundo real para o mundo virtual. “Hoje já somos uma rede de coletivos circulando pelo Brasil todo. Uma instância de metodologia e tecnologia de uma grande rede de comunicação independente. Com um custo de produção muito baixo. As casas do coletivo Fora do Eixo são comunidades que funcionam com um sistema de economia solidária, onde as pessoas vivem o ativismo plenamente. Muitos territórios do Brasil inteiro se uniram a esta forma independente de comunicação criando uma arquitetura de rede fora do eixo”, destacou.
De acordo com Rafael sua grande faculdade de comunicação foi a cultura. Para ele a comunicação deixou de ser uma área técnica dentro de uma organização. Hoje, a democratização do acesso à cultura é uma nova forma de comunicação. É possível ter um novo pensamento múltiplo e diverso.
“O nosso coletivo de comunicação é um número de pessoas que se entendem como comunicadores multimídias. A dinâmica da mídia ninja é construída a partir da convivência dos movimentos sindicais, sociais e populares, construindo o empoderamento destes movimentos. Não adianta mais fazer comunicação do jeito que se fazia antigamente. Esse negócio de mandar release e pedir ‘pelo amor de Deus’ para publicar acabou. Hoje a imprensa acaba falando de algo que não está mais no controle dela. Até a imprensa já percebeu esta mudança. A relação com as redes independentes é cada vez mais sólida. É bem isso, que diz o tema deste seminário: A gente tem que entender essa saída da ilha. Tem uma virada narrativa muito forte acontecendo neste momento e a comunicação sindical tem a possibilidade de ser uma ‘mega’ rede de comunicação. Pois, tem um termômetro de rede muito forte”, disse o comunicador, que terminou citando o exemplo da mobilização do dia 15 de março “ter a capacidade de unir 300 mil pessoas na paulista, sem o metro funcionando e sem a rede globo chamando, tem uma curva narrativa muito forte. O jornalismo sindical pode ter um papel definitivo. Entendemos que tem uma nova oportunidade colocada. Um momento muito promissor nas redes com novos formatos e novas narrativas”, pontuou.