William Mendes,
Diretor de Formação da Contraf-CUT, coordenador da Comissão de Empresa do BB e candidato da Chapa 1 Todos pela Cassi
Tive nas últimas semanas uma rica oportunidade de conversar com os colegas do Banco do Brasil nas mais diversas cidades e regiões do país.
Como estou na composição de uma das chapas que disputam a eleição da Cassi (assistência médica dos funcionários do BB) pude percorrer as unidades de trabalho do banco pelo país para apresentar nossas propostas para a Cassi, resgatando junto à novíssima geração de colegas do banco o que é a nossa caixa de assistência médica, e também para abordar a importância da participação de todos no processo eleitoral que define a metade da gestão da entidade.
Ouvi Brasil afora muitas reclamações sobre a direção do Banco do Brasil e o rumo que esta empresa está tomando.
A impressão que o funcionalismo tem, e nós dirigentes que o representamos também, é que não temos um Banco do Brasil, mas vários bancos dentro de um BB. É quase como diz a propaganda da empresa.
Temos o banco do joão, que negocia os direitos coletivos com as entidades do funcionalismo, e temos o banco do pedro, que não cumpre o que a empresa contratou; temos o banco do paulo, que se diz de responsabilidade socioambiental, e temos o banco do manoel, que gastou uma fortuna para alocar milhares de funcionários em local com solo contaminado (o fato não se realizou por luta sindical). Não temos o banco da maria, porque na direção do BB só tem homens.
Enfim, temos o banco do faz de conta da propaganda e do papel, e temos o banco da realidade objetiva, o Banco do Brasil e dos brasileiros, e com funcionários sérios e dedicados que não conseguem trabalhar por falta de condições de trabalho, por metas esdrúxulas e sem parâmetros, inclusive com mudanças diárias, e com formas truculentas na cobrança por resultados.
Poderíamos resumir o Banco do Brasil atual de duas formas, após tudo o que ouvi:
– o maior banco do país tem uma direção que não pensa sequer o futuro do próprio Banco do Brasil e, muito menos, o futuro do país ao qual deveria servir e;
– a direção do maior banco do país está levando o funcionalismo a um total desânimo pelo sistema de metas atuais, tanto pelo objetivo determinado quanto pela forma de cobrar seu atingimento por parte do corpo funcional.
Desacorçoo causado pela direção do BB
Há uma insatisfação generalizada na rede de agências por falta de funcionários, por falta de respeito na cobrança de metas esdrúxulas, na ascensão profissional por apadrinhamento e sem regras e, pasmem, as condições de trabalho estão tão ruins que muitos comissionados da gerência média já estão repensando suas estruturas de vida familiar para abrirem mão da carreira comissionada no BB e para pensarem um pouco mais na sua saúde.
Foi grande a quantidade de colegas do BB, nesse período que estive diariamente nos locais de trabalho, que me abordou para falar o quanto esses vários “bancos” dentro do BB estão reduzindo a esperança do funcionalismo em seguirem suas carreiras na empresa em que trabalham.
Esses vários bancos dentro do BB estão prejudicando a saúde física e mental do funcionalismo. Vive-se um sistema de cobrança de metas e entrega de resultados a qualquer custo, que leva muitas vezes o funcionalismo a cometer alguma irregularidade ou procedimento não previsto nas instruções normativas por absoluta falta de funcionários ou por pressão de “capitães do mato” que cobram a cada hora do dia a entrega de algum resultado sob o risco de se perder a função e a remuneração.
Esses vários bancos dentro do BB estão transformando o maior banco do país numa esquisofrenia total.
Isso é uma demonstração cabal do quanto essa direção do BB está fazendo o inverso do que uma gestão de empresa deveria fazer: motivar seu corpo funcional. Estão faltando bons gestores para o BB. Todos os funcionários estão insatisfeitos e desacorçoados para seguirem dedicando suas vidas ao Banco do Brasil.
Até quando e até onde vai chegar este Banco do Brasil com seus vários bancos? O banco do fulano, o banco do ciclano, o banco do beltrano – e seus apadrinhados nas estruturas de poder? Será que o dono, acionista majoritário, não poderia colocar ordem na casa e dar um rumo coerente para essa empresa pública de importância fundamental para o futuro do Brasil?
O funcionalismo quer ser respeitado, quer ter condições de trabalhar e sempre se esforça para atender bem a clientes e usuários, mas está difícil seguir assim com esse desgoverno da direção do banco.