(Salvador) Os lucros recordes, maior rentabilidade e a exploração têm sido marcas do setor bancário no Brasil. As empresas travam uma verdadeira corrida na busca de clientes e conquista de mercados. A conseqüência disso é o aumento do assédio e da pressão entre os empregados. As metas impostas pelas empresas são tão abusivas que o tema será uma das prioridades dos trabalhadores durante a Campanha Nacional deste ano.
A categoria bancária é uma das que mais sofrem com a violência moral no trabalho. Os funcionários são pressionados, muitas vezes humilhados e sobrecarregados pelo cumprimento de metas absurdas. No Bradesco, por exemplo, os trabalhadores fazem o papel de concessionários e são obrigados a vender produtos, como seguro, Previdência, cartões de crédito e abertura de conta. De acordo com Flávio Oliveira, diretor da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, quando a meta imposta pela empresa não é atingida, os gerentes parecem ter carta branca para assediar impiedosamente os empregados.
O funcionário que não cumpre o estabelecido pela empresa é mal visto pela administração e perde diversos benefícios, como a promoção de cargo. Para cumprir o que lhe é imposto e não sofrer restrições, os trabalhadores fazem horas-extras e não ganham nada por isso. Ainda segundo Oliveira, o tipo de cobrança “é fraudulenta, pois a venda de produtos não faz parte do contrato de trabalho do bancário”.
Doenças aumentam
A piora do ambiente e das condições de trabalho, por conta das pressões sofridas, está diretamente associada ao adoecimento dos bancários. A humilhação interfere na vida do trabalhador e das relações afetivas e sociais. Muitas vezes causa até danos mentais. Os números indicam um aumento significativo e preocupante na incidência de trabalhadores com doenças relacionadas ao ambiente de trabalho.
A melhor forma de combater esse tipo de prática absurda é denunciar. O bancário que tiver alguma queixa deve procurar o Sindicato e saber informações sobre os procedimentos a serem adotados.
Lucros sem investimento
O ritmo de crescimento das instituições financeiras é alucinante. Apesar do bom resultado, poucas melhorias são apresentadas à sociedade e aos trabalhadores. As empresas reduzem cada vez mais o número de funcionários e não investem no ambiente de trabalho. Diante de tanto lucro, não há nada que justifique as pressões e demissões.
Acabar com a exploração nos bancos é uma das principais lutas dos trabalhadores. Por isso, o fim das metas abusivas faz parte das reivindicações dos bancários na Campanha Nacional deste ano. O objetivo é exigir que os bancos criem mecanismos que inibam esses tipos de abusos.
Fonte: Feeb BA/SE