Mesmo com interdito, greve nacional dos bancários no Pará e Amapá cresce

Oito dias de greve e 219 agências bancárias fechadas no Pará e Amapá. A mobilização que já atinge cerca de 70% do total de bancos públicos e privados nos dois estados, já supera a mobilização do mesmo período no ano passado, quando 209 agências paralisaram.

Somado aos demais bancos em todo o país, são 7.723 agências paradas nos 26 Estados e no Distrito Federal – um acréscimo de 286 em relação a ontem e praticamente dobrando (99,7%) desde o primeiro dia (3.864). Isso significa que essa já é a maior greve da categoria bancária nos últimos vinte anos.

Nenhuma nova proposta dos bancos foi apresentada aos trabalhadores desde o início da greve, e banqueiros tentam impedir a paralisação dos bancários e bancárias da Região Metropolitana de Belém com interditos proibitórios conseguidos na Justiça, a exemplo do Banco Itaú.

O Sindicato já entrou com recurso para derrubar o interdito, e reforça que a greve é um dos meios essenciais à disposição dos trabalhadores e de suas organizações para promover e defender seus interesses econômicos e sociais , assegurado pela Constituição Federal através da Lei nº 7.783 que em seu artigo 2º “considera legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador”.

“Apesar da tentativa dos banqueiros de enfraquecer a greve, conseguimos provar o contrário e aumentar ainda mais o número de agências paradas no Pará e Amapá nesta quarta-feira”, destaca a presidente do Sindicato, Rosalina Amorim. “E vamos continuar dizendo não ao reajuste de 4,29% que representa apenas a reposição da inflação e reivindicando os 11%, melhores condições de trabalho e mais segurança”, ressalta.

Os bancários reivindicam 11% de reajuste, valorização dos pisos salariais, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), medidas de proteção da saúde que inclua o combate ao assédio moral e às metas abusivas, garantia de emprego, mais contratações, igualdade de oportunidades, previdência complementar para todos, fim da precarização via correspondentes bancários e mais segurança.

Em outra demonstração de intransigência, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não respondeu à carta enviada na última segunda-feira pelo Comando Nacional dos Bancários, em que critica a adoção de práticas antissindicais por parte das instituições financeiras e reafirma a “disposição em negociar, para que possamos continuar buscando um acordo que atenda à expectativa dos bancários”.

Em nome dos bancários brasileiros, a Contraf-CUT recebeu a solidariedade da UNI Américas, integrante da UNI Sindicato Global, que representa os trabalhadores dos setores de serviços das Américas do Sul, Central e do Norte. A entidade também enviou ofício ao presidente da Fenaban, Fábio Barbosa, propondo a retomada das negociações com o Comando Nacional dos Bancários.

“Reforçamos o apoio internacional aos trabalhadores bancários no Brasil e defendemos a necessidade de retomar as negociações com os sindicatos, já que notoriamente os bancos brasileiros apresentam condições extremamente favoráveis para contribuir para o desenvolvimento social e econômico do Brasil através da valorização dos seus funcionários”, diz o documento da UNI Américas.

Ato na Caixa

No nono dia de greve, os bancários e bancárias de Belém se concentram em frente à agência da Caixa Econômica Federal da Av. Magalhães Barata, às 8h. “Não vamos descansar enquanto não nos apresentarem uma proposta decente, reajuste que está mais do que comprovado que os bancos têm como pagar”, afirma Rosalina Amorim.

“Pedimos a compreensão dos clientes em relação ao nosso movimento que em nenhum momento quer atrapalhar o Círio do povo paraense ou mesmo daquele que vem de fora. O nosso calendário é nacional e que infelizmente coincide com o período da maior manifestação religiosa católica do mundo. Se os banqueiros estivessem dispostos a negociar, não existiria necessidade alguma de greve”, revela a dirigente sindical, que também garante que os serviços essenciais, os de compensação bancária, funcionam normalmente como determina a Lei de Greve.

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