Medo dos banc rios com a inseguran‡a ‚ destaque do Fant stico

(São Paulo) A insegurança nas agências e o medo que o problema tem causado nos bancários foram destaque neste domingo, dia 11, do programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão. Em pleno horário nobre, funcionários de diversos bancos assaltados revelaram o sofrimento que o descaso das empresa causam na vida pessoal e profissional dos trabalhadores vítimas da insegurança.

 

O secretário-geral da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, foi um dos entrevistados do programa e falou sobre a falta de compromisso dos bancos com a vida dos bancários, clientes e usuários. “Banco, normalmente, vê a segurança bancária desse país como custo. E custo se contrapõe a lucro”, afirmou Cordeiro na televisão.

 

A reportagem do Fantástico destacou que entre 2005 e 2006 o número de roubos aumentou 82% em São Paulo e 52% no Estado. A matéria mostrou o drama da subgerente Bárbara Fidélis Rosado, de 31 anos, que morreu durante um assalto em agosto passado no Banco Sudameris, em São Paulo.

 

“A dor fica. Eu não tenho um dia que não agüento em lágrimas, porque é muito difícil a dor da perda de um filho”, lamentou o comerciante Jamil Fidélis, pai de Bárbara. “Eu vou pela rua chorando, eu entro em banco chorando, principalmente, quando trava aquelas portas quando eu vou entrar. Eu tenho trauma. Trauma. Eu só queria a minha filha do lado, e ela não está mais. É muito triste, mas essa dor é minha e eu vou superar”, completou Fidélis.

 

O presidente do Sindicato de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, destacou para o Fantástico que “muitos bancos passaram a retirar as portas de segurança e a reduzir seu investimento com segurança bancária”.

 

“Vigilantes mal treinados e mal pagos e falta de investimento em segurança – estes são os principais fatores que tornam os bancos vulneráveis à onda de assaltos, de acordo com as entidades que representam os bancários”, detalhou o repórter policial do Fantástico, Valmir Salaro.

 

Depoimentos

Os depoimentos dos bancários vítimas de assalto foram um verdadeiro soco no estômago e mostrou a realidade enfrentada pela categoria com o problema da insegurança. “Eu estou com síndrome do pânico. Só durmo com efeito de calmante. Tenho medo de tudo. Tenho medo de ir ao mercado, de pegar uma fila. Eu trabalho no banco hoje, mas qualquer barulho eu fico pálida”, disse uma bancária.


Outra colega, que foi assaltada duas vezes e precisou se afastar do trabalho por cinco meses, contou um pouco do seu sofrimento: “Uns três ou quatro meses depois, fui a uma churrascaria. Eu estava almoçando, e era dia de jogo. Um cliente falou: "Golaço". Eu entendi que era assalto. Eu deixei derrubar tudo. Caiu prato, garfo, e ninguém entendia o porquê”.

 

“Eu paguei psicólogo três meses do meu bolso, porque o banco não dá nenhum respaldo para a gente. Eles diziam que eu não ia trabalhar porque eu não queria. Todo mundo fala que é frescura, que ‘Ah, você tem que melhorar. Toma cerveja que passa’. É o que eles falam”, comentou outra bancária com síndrome de pânico.

 

O Fantástico ouviu a médica especialista em segurança do trabalho, Maria Maeno, que explicou mais detalhadamente o descaso dos bancos. “É fundamental que a empresa ofereça um suporte psicológico para esses bancários logo após o evento. Mas nós temos visto rarissimamente esse suporte. Normalmente, não há nenhum cuidado em relação a isso. Nós temos visto entre os bancários um número bastante elevado de pessoas que ficam com estresse pós-traumático”, disse na entrevista

 

Fonte: Contraf-CUT

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