Marielle. Mártir da luta social

O terror e a tristeza tomaram conta dos noticiários desde a tarde de ontem (quarta-feira, 14 de março), quando funcionárias e funcionários públicos municipais, que protestavam contra a tramitação do projeto que propõe mudanças no SampaPrev, foram fortemente agredidos na Câmara Municipal de São Paulo pela Polícia Militar e, pasmem, por Guardas Civis, uma das categorias que estão na luta contra as mudanças no SampaPrev propostas pelo prefeito João Dória (PSDB).

Grande parte dos manifestantes era composta por professoras, que realizam uma greve contra as mudanças no SampaPrev, que paralisa quase a totalidade das escolas municipais.

À noite, outra notícia chocou todos aqueles que lutam por justiça social e pelos direitos humanos. Marielle Franco, vereadora na cidade do Rio de Janeiro pelo PSOL, foi brutalmente assassinada a tiros, por volta de 21h30, quando voltava da atividade “Jovens Negras Movendo as Estruturas”. As informações são de que um carro se emparelhou ao que estava a vereadora e efetuou os disparos que a atingiram, além de seu motorista e uma assessora. Quatro tiros atingiram a cabeça de Marielle. O motorista também morreu e a assessora ficou ferida com estilhaços de vidro.

Dias antes, Marielle havia sido nomeada como relatora da Comissão que vai acompanhar a ação do Exército e da Polícia na Intervenção Militar no Rio de Janeiro. Na quinta-feira (10), havia denunciado a violência da PM em Acari, na Zona Norte do Rio.

Uma semana após o Dia Internacional das Mulheres, vemos o quanto é fundamental a luta feminista. Vemos o quanto incomoda essa luta, numa sociedade hipócrita, que parabeniza as mulheres, lhes dá flores e chocolate, mas lhes nega seus direitos. Lhes nega principalmente o direito de voz, o direito de se expressarem, de lutarem por seus direitos. Essa sociedade quer mulheres mudas, caladas. Quer mulheres “belas, recatadas e do lar”.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) repudia todo o tipo de violência contra as mulheres e mais ainda contra as mulheres que lutam por seus direitos, por seus interesses. Estamos em campanha permanente contra a violência e em defesa dos direitos das mulheres. E exigimos apuração rigorosa da morte de Marielle e da violência na Câmara Municipal de São Paulo.

Nos solidarizamos com a luta das mulheres e desde já decretamos Marielle Franco como mais uma mártir da luta feminista, dos direitos sociais e humanos no Brasil. Marielle estará sempre presente em nossas memórias!

Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)

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