Ocorre amanhã, às 8h, no Hotel Intercontinental, em São Paulo, o lançamento do “Programa Valorização da Diversidade no Setor Bancário”, ação realizada pela Febraban em resposta a antigas reivindicações dos trabalhadores bancários e de outros setores da sociedade. O lançamento ocorrerá durante um “café com sustentabilidade”, evento promovido periodicamente pela entidade patronal.
A campanha começa com a aplicação em todo o país da pesquisa que resultará no Mapa da Diversidade, diagnóstico da situação em que se encontram mulheres, negros e pessoas com deficiência nos bancos, em termos de empregabilidade e possibilidade de ascensão profissional. A pesquisa será conduzida pela Febraban, com assessoria do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desiguladades (CEERT) e apoio técnico da Contraf-CUT, Organização Internacional do Trabalho (OIT), Ministério Público do Trabalho (MPT), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os bancários responderão à pesquisa por meio da Internet, no site www.febraban-diversidade.org.br, entre os dias 10 de março e 25 de abril. As respostas são sigilosas e ficarão armazenadas na Febraban. A metodologia garante que os bancos não terão acesso aos dados fornecidos individualmente por cada bancário, evitando represálias por parte dos gestores.
Para a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Arlene Montanari, o Mapa da Diversidade é uma grande vitória de bancários e bancárias, até porque vai corroborar o que o movimento sindical sempre denunciou: que há discriminação dentro dos bancos tanto na contratação quanto na progressão da carreira. “A partir dos dados que conseguirmos, poderemos propor políticas para a correção da situação e exigir ações dos bancos”, avalia. “A metodologia da pesquisa foi toda debatida por nós e tem tudo para funcionar bem, conseguindo dados bastante precisos e protegendo os trabalhadores de possíveis represálias. Agora, os sindicalistas precisam ficar atentos, fiscalizar o processo e incentivar a participação dos bancários”, ressalta Arlene.
Histórico
O Mapa da Diversidade vem atender uma antiga reivindicação do movimento sindical bancário, que enxerga no dia a dia a discriminação que sofrem mulheres, negros e pessoas com deficiência nos bancos. “Na verdade, trata-se da ‘auditoria da diversidade’ que reivindicamos desde antes da instalação da Mesa Temática de negociação Igualdade de Oportunidades com a Fenaban, em 2000”, explica Arlene.
O projeto do Mapa da Diversidade nasceu de uma denúncia da Contraf-CUT para a Fenaban de que havia discriminação nos locais de trabalho e que as contratações eram desiguais. “As mulheres, os negros, os idosos, os homossexuais e os trabalhadores com deficiência são preteridos na hora da contratação ou não têm quase chances de subir na carreira. A Fenaban, entretanto, negou a discriminação e nos desafiou a provar. Daí publicamos o ‘Rosto dos Bancários’, uma pesquisa realizada pelo Dieese em 2001 que comprovava toda a discriminação que denunciamos”, explica Arlene.
De posse dessa publicação, o Ministério Público do Trabalho resolveu procurar os bancos para garantir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O documento garante prazos e metas para eliminar as desigualdades, mas não houve concordância por parte dos bancos.
“Daí o MPT entrou na justiça contra cinco bancos (Itaú, Bradesco, ABN, Unibanco e HSBC) por discriminação coletiva. Perdemos em primeira instância, porém o movimento negro arrancou uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara dos Deputados, em meados de 2005. A audiência rendeu reuniões permanentes que perduram até hoje, entre o MPT e Febraban, com participação da Contraf-CUT”, diz Arlene. A campanha lançada hoje é o resultado desse acúmulo de discussões.