‘Manifesto comunista ainda é o ponto de partida para estudo da história atual’

Escrito por Karl Marx e Friedrich Engels em 1848, o Manifesto Comunista ainda é o ponto de partida para o estudo da história atual. É o que afirmou Osvaldo Coggiola, professor de história da Universidade de São Paulo (USP), durante a sétima edição do Brasília Debate realizada nesta terça-feira 13 de maio no Teatro dos Bancários.

Antes de fazer um breve resumo sobre os 160 anos do Movimento Comunista, Coggiola elogiou a iniciativa do Sindicato dos Bancários de Brasília de realizar um debate sobre um tema importante, mas que é ignorado.

Ao elogiar o Manifesto Comunista, Coggiola disse que o documento expõe a genialidade de Marx. “Ele foi um visionário que enxergou com perfeição quase que exclusiva os caminhos pelos quais a sociedade moderna iria trilhar”, afirmou.

Segundo o professor da USP, o Manifesto discutiu temas ousados para época. Afirmava, entre outras, que os pobres, os pequenos, e os explorados também podem ser sujeitos de suas vidas.

Disse ainda que as críticas do manifesto ao capitalismo são pertinentes. Neste modelo, segundo Coggiola, todo mundo trai todo mundo, como numa suruba. O movimento comunista, ao contrário do capitalista, une as massas à luta dos trabalhadores.

Coggiola encerrou sua fala com o seguinte conselho: “Leiam o Manifesto Comunista e nunca deixem de lê-lo”.

Além de Coggiola, o Brasília Debate contou com a presença de José de Lima Soares, professor de sociologia da Universidade Católica de Brasília (UCB); e Miroslav Milovic, professor de filosofia da Universidade de Brasília (UnB). Sadi Dal Rosso, professor de sociologia da UnB, foi o mediador do debate.

Assim como Coggiola, Miroslav Milovic também criticou o capitalismo. Para ele, o modelo cria uma dinâmica de estagnação, onde não acontece nada para as camadas inferiores. “Não existe o capitalismo do povo”, criticou.

Na opinião de Milovic, Marx vê a verdade do mundo burguês e que o capitalismo é uma fantasia. Ainda de acordo com o professor da UnB, o capitalismo cria falsa euforia. “A França é livre, mas os franceses não”, exemplificou.

Ao parabenizar o Sindicato pela realização de mais um Brasília Debate, José de Lima Soares disse que Movimento Comunista merece aprofundamento pela sua importância ao longo de seus 160 anos.

De acordo com o professor, atualmente, a classe trabalhadora é mais heterogênea e, portanto, mais complexa e oprimida. José de Lima, que já foi metalúrgico e hoje é professor de faculdades particulares em Brasília, criticou as instituições de ensino privadas. Segundo Soares, não existe diferença entre uma escola e uma fábrica. “O ensino virou um grande negócio”.

Citando dados de organizações internacionais, José de Lima informou que existem hoje no mundo mais de 1,5 bilhão de desempregados. Na visão do professor, esse número revela uma lógica perversa: quem está no mercado quer sair, e quem está fora não consegue se inserir no competitivo mercado de trabalho.

Segundo Soares, o trabalho intelectual passa por um processo de precarização. Os professores, por exemplo, são proletários. “Se eu ainda estivesse trabalhando numa fábrica, é bem provável que meu salário fosse maior”. Em sua avaliação, o capitalismo está construindo sua própria barbárie.

O Manifesto

A Liga dos Comunistas encomendou a Marx e a Engels a elaboração de um texto que tornasse claros os objetivos dela e sua maneira de ver o mundo. E isto foi feito pelos dois jovens, um de 30 e o outro de 28 anos. Portanto, o Manifesto Comunista é um conjunto afirmativo de idéias, de “verdades” em que os revolucionários da época acreditavam, por conterem, segundo eles, elementos científicos – um tanto economicistas – para a compreensão das transformações sociais.

O Manifesto tem uma estrutura simples: uma breve introdução, três capítulos e uma rápida conclusão.

Após a exposição dos professores, a platéia pôde fazer perguntas e tirar dúvidas sobre o Manifesto Comunista.

O projeto

O Brasília Debate é um espaço que o Sindicato coloca à disposição da categoria bancária e dos brasilienses para a discussão de idéias sobre os temas relevantes da contemporaneidade. É realizado uma vez por mês, no Teatro dos Bancários, sempre com a participação de intelectuais e personalidades de destaque da vida cultural, política, econômica e social do país.

TV Comunitária transmite Brasília Debate

Nos próximos dias, a TV Comunitária vai exibir a íntegra do Brasília Debate sobre os 160 anos do Movimento Comunista. A programação da TV Comunitária está disponível no canal 8 da Net ou pelo endereço www.tvcomunitariadf.com.br.

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