A Caixa Econômica Federal inicia, nesta quinta-feira (10), um plano de reestruturação das suas atividades. O anúncio foi feito pela presidenta do banco, Miriam Belchior, durante reunião com representantes dos trabalhadores, em Brasília (DF). Os dirigentes sindicais criticaram o posicionamento da empresa que, mais uma vez, adota medidas de forma unilateral sem ouvir os empregados.
“Foi um encontro muito rápido, no qual nos foram apresentados os eixos estruturantes e os objetivos da empresa. Não houve nem debate e negociação, já que sequer conhecíamos esse projeto”, destacou o presidente da Contraf-CUT, Roberto Von der Osten. Ele ainda acrescentou. “De qualquer forma, reforçamos que nosso foco é o emprego e o respeito aos trabalhadores, e a defesa da Caixa 100% pública. Nossa grande preocupação é que não se minimize as necessidades da categoria e das que pessoas que precisam das políticas públicas”.
Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, a prioridade das entidades é a preservação dos direitos dos trabalhadores. “Vamos acompanhar, juntamente com a Contraf-CUT e a Comissão Executiva dos Empregados, a implantação das medidas, avaliando passo a passo e nos posicionando. Inclusive, com a possibilidade de novas mobilizações. Aqueles que se sentirem prejudicados também devem procurar seus sindicatos e denunciar”, enfatizou.
Participaram também da reunião Sergio Takemoto e Fabiana Uheara, diretores da Contraf-CUT; e membros da CEE/Caixa: Genésio Cardoso, diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região; Dionísio Siqueira, da Fetec/SP e diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região; e Vandeir Severo, da Fetec/Centro Norte e diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília.
Transparência e diálogo
Durante o encontro com Miriam Belchior, as representações dos trabalhadores cobraram mais transparência e diálogo da direção da Caixa. Segundo Genésio Cardoso, o banco tem descumprido pontos acordados na campanha salarial e na mesa de negociação permanente como a contratação de mais empregados, redução da coparticipação do Saúde Caixa e definição sobre o retorno do adiantamento odontológico, entre outros.
Quanto à reestruturação, Genésio lembrou que desde o ano passado a CEE/Caixa tem cobrado esclarecimentos na mesa permanente, e a resposta dos interlocutores foi sempre a mesma: está em estudo. Eles também se negaram a debater o tema. “É preciso mais transparência e diálogo por parte da empresa. Defendemos autonomia de quem negocia com os trabalhadores e respeito ao que for acordado na mesa de negociação”, disse.
Adequação
O modelo de reestruturação começou a ser elaborado no final de novembro de 2015. Pelo pouco que se sabe até o momento, as mudanças vão começar pela matriz e filiais e, posteriormente, se estenderão para as agências. O prazo de conclusão é 15 de abril.
As mudanças, segundo Miriam Belchior, visam adequar o banco ao atual cenário econômico e torná-lo mais eficiente e competitivo. A direção da Caixa pretende liberar empregados da matriz para filiais, centralizadoras e redes. Ainda conforme o modelo adotado, serão extintas 437 gratificações e 32 unidades da estrutura da matriz.
Atendendo reivindicação dos trabalhadores, Miriam Belchior concordou em realizar encontros semanais com os representantes das entidades do movimento sindical e associativo para avaliar os impactos do plano de reestruturação.