Maiores bancos privados no mundo fazem reserva e crédito não chega ao cliente

Valor Econômico
Assis Moreira, de Genebra

Os grandes bancos centrais continuam a irrigar generosamente seus sistemas bancários com liquidez, mas os bancos privados preferem manter boa parte do dinheiro como reservas em vez de aumentar os empréstimos para a economia real, constata o IIF, a entidade que reúne as maiores instituições financeiras do mundo.

No total, os bancos americanos tem US$ 1 trilhão de excesso de reservas (ou seja, além da reserva mínima exigida pela autoridade monetária) depositados no Federal Reserve. Na zona euro, o excesso de reserva dos bancos europeus aumentou para ? 201 bilhões em abril junto ao Banco Central Europeu (BCE).

Nos Estados Unidos, desde setembro de 2008 a quantidade de reservas no sistema bancário do país aumentou dramaticamente, com os mecanismos de facilitação de liquidez adotados pelo Fed e a prudência das instituições financeiras.

Antes da crise financeira, as reservas exigidas dos bancos americanos atingiam o total de US$ 40 bilhões e o excesso de reservas não passava de US$ 1,5 bilhão. Mas a situação mudou de vez com o colapso do Lehman Brothers, em setembro de 2008. O excesso de reservas explodiu para US$ 900 bilhões em janeiro do ano passado, muito além dos US$ 60 bilhões exigidos no período pela autoridade monetária.

O Fed terminou em março o programa pelo qual comprou US$ 1,25 trilhão de títulos de securitização garantidos por hipotecas (Mortgage and Asset Backed Securities) de 30 anos, e que foi destinado a dar fôlego ao mercado imobiliário no auge da crise.

Mas os bancos americanos continuam “sentados” sobre US$ 1 trilhão, na expressão de um analista, já um pouco inferior ao nível de US$ 1,2 trilhão de janeiro. Alguns analistas estimam que o mecanismo de liquidez do Fed foi ineficiente para estimular o fluxo de crédito para as empresas e consumidores. Outros argumentam que o alto nível de reservas será inflacionário quando a economia se recuperar.

Economistas do Fed de Nova York argumentam que um enorme aumento nas reservas dos bancos não precisa ser inflacionário, porque o pagamento dos juros sobre as reservas permite ao Fed ajustar as taxas de curto prazo independentemente do nível dessas reservas.

O volume de créditos para a economia continua em baixa nos Estados Unidos, apesar da gradual recuperação dos negócios e da alta do consumo. Já nos 16 países da zona euro, que utilizam a moeda comum europeia, o excesso de reservas dos bancos continua aumentando, em meio ao desastre da crise do endividamento público que também ameaça os bancos.

O excesso de reservas aumentou para ? 201 bilhões em abril, comparado a ? 187 bilhões em março e ? 150 bilhões em janeiro, segundo dados do o BCE.

Em abril, o crédito para consumidores caiu 1,1% na zona euro e, para as empresas, mostrou retração de 0,2%. Apenas os financiamentos para compra de imóveis registraram expansão de 2,9% na zona euro.

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