O segundo painel do Seminário Nacional de Estratégia do Ramo Financeiro abordou estratégias e diretrizes da ação da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Os debatedores foram o presidente da Confederação, Roberto von der Osten, e o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre.
Para Roberto, o grande desafio da próxima gestão é pensar em uma maneira de unificar todo o ramo financeiro e não ficar preso apenas aos bancários. “As novas tecnologias do setor financeiro trouxeram para nosso ramo novas categorias. Temos 400 mil estabelecimentos sem saber quantos trabalhadores têm dentro deles”, revela. “São correspondentes bancários, lotéricas, securitários, cooperativas de crédito, financiarios e promotores de venda. precisamos encontrar um jeito de trazer todos nossos trabalhadores para nossa Confederação”, completa.
O presidente lembra que a terceirização, principal risco aos trabalhadores atualmente, começou nos bancos pelos trabalhadores de limpeza e de segurança, “e na época não fizemos nada. Agora temos de reagir.”
Roberto lembrou apontou também o nascimento de outros desafios, como a criação de sindicatos por empresa. “Nós temos de retomar o debate da construção da estrutura sindical. O nosso sindicalismo é grande, porque ele tem base, com dirigentes sindicais que estão próximo do trabalhador.”
Ele ressaltou ainda que “nossa estratégia sempre foi focada na mobilização e na unidade da categoria. Nós achamos que o conceito de categoria profissional tem de romper o sistema de funções”. Por isso, a Contraf-CUT precisa entrar na criação do macrossetor da CUT. ” Trata-se de um passo a mais além da categoria, atingimos o ramo todo. Pois, está cada vez mais difícil separar os trabalhos e as categorias, que estão muito próximas pelas funções dentro da mesma empresa.”
Nobre classificou os macrossetores como “o melhor modelo sindical para enfrentar os desafios que o futuro nos aponta. Não podemos ficar presos na conjuntura atual, sem pensar no futuro. Não podemos apenas resolver um problema, sem pensar em como avançar futuramente.”
Ele lembrou que desde sua criação, em 1983, a CUT já criticava o modelo sindical da época, pois as transformações dos locais de trabalho exigiam respostas que o movimento não dava. “Naquela época, as empresas tinham estratégia nacional de migrar dentro do País para fugir dos sindicatos mais fortes. Pois a estrutura permitia isso. Para nivelar direito o âmbito no nosso País, a gente precisava de uma negociação permanente e unidade nacional, mas não existia.”
De acordo com o secretário-geral da CUT, o início do projeto neoliberal, estabelecido pelos governos da década de 1990, abriu a economia brasileira de uma forma que não tem mais volta. “Foi permitido que produtos chineses entrem no Brasil com preços semelhantes aos das nossas matérias-primas. Esse processo de globalização só vai se aprofundar. Por isso, temos de nos preparar para esse novo cenário mundial.”
Esse cenário, que evolui rápido – segundo Nobre -, traz desafios para vários setores, pois o mundo vai se dividir em setores do processo industrial. “Alguns países serão produtores e os outros consumidores. Alguns países concentrarão a tecnologia e o conhecimento e outros ficarão com a montagem, o trabalho pesado, a parte insalubre.”
Para ele, uma mostra disso é a diminuição gradativa da participação da indústria no PIB nacional. “Atualmente está em 13%. Se chegar a 8% vai significar que ela morreu”, preocupasse. “A indústria é quem gera os serviços. Os principais países, como Alemanha e EUA, têm em sua constituição grandes indústria.”
Por isso, a CUT tem se esforçado na criação de macrossetores. “Aqui no Brasil, por mais forte que sejam, os sindicatos não podem enfrentar essa batalha sozinha. Essa é a importância do macrosetor, que é quando diversas categorias se integrem, conheçam as atividades do outro e tenham agendas comuns para lutar contra grandes grupos multinacionais.”
Sergio Nobre explicou que a formação do macrossetor do ramo financeiro. “No caso de comércio e serviços, quando pensamos em articular o setor, pensamos em juntar, comércios, serviços e logística. O grande desafio é que também há uma revolução tecnológica em curso. Os serviços bancários que antes era feito só no banco, hoje está sendo feita no comercio. Está sendo feita a integração e precisamos pensar como trabalhar para ela”. Ele ainda completa. “A tecnologia tem o potencial de transformar rapidamente e temos de discutir isso, pois as mudanças acontecem rapidamente.”