Um dos grandes desafios dos próximos meses será administrar a questão do desemprego. O cenário atual é confuso. Há certo consenso de que o primeiro trimestre será o período mais duro da crise. Muito do que ocorrer depois será reflexo do que acontecer agora.
A manutenção do emprego é fundamental por vários motivos. Primeiro, porque emprego deve ser prioridade. Segundo, porque do nível de emprego dependerá o ritmo do consumo nos próximos meses.
As empresas entram 2009 com uma dúvida ampla. Para uma crise maior, desemprego maior; para uma crise menor, desemprego menor. Na dúvida, as empresas tendem a ser conservadoras, isto é, a apostar na pior hipótese. Com isso aumentam a leva de desempregados, impactam negativamente o estado de espírito do país como um todo e dos desempregados em particular, desperdiçam treinamento, afetam o moral da tropa e incorrem em um custo elevado.
Se a economia se recuperar, toca a recontratar, a treinar novamente, a recompor o espírito interno da empresa. O desafio, portanto, é como minimizar esse período.
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No plano macroeconômico, o caminho óbvio seria uma redução drástica na taxa Selic. Em dezembro, o relatório de inflação do Banco Central ainda falava em nível robusto de atividade econômica. Com os primeiros dados, percebe-se que a economia já vinha caindo a olhos vistos, denotando uma miopia indesculpável do BC.
O segundo ponto será a redução dos spreads bancários, tornando o financiamento mais acessível.
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Mas há um conjunto de medidas sendo discutida entre federações empresariais e sindicais, visando dar uma pausa até que fique claro o tamanho da crise.
A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), ao lado da Central Única de Trabalhadores (CUT) e de outros órgãos ligados a empresas e trabalhadores, vai anunciar, na quinta-feira (22), uma proposta para evitar uma onda de demissões.
O encontro desta terça-feira reuniu mais de 40 participantes, entre eles o presidente da Fecomércio, Abram Szajman, o presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, Fábio Meirelles, e do presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva.
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Em um primeiro momento, os representantes não defendem mudanças e flexibilizações nas leis trabalhistas. Tanto empresários como empregados acreditam que a lei vigente já apresenta instrumentos para evitar demissões em massa por conta da crise.
A legislação atual permite, por meio de acordo com sindicatos, que as empresas reduzam a jornada de trabalho, com conseqüente redução dos salários. Representantes dos trabalhadores afirmaram que há disposição em aceitar a proposta.
Além disso, a Fiesp vai colocar à disposição das empresas e sindicatos 100 mil vagas de requalificação de trabalhadores. Nessa modalidade de seguro-desemprego, os trabalhadores que têm o contrato rescindido, passam a receber uma bolsa para fazerem cursos de requalificação profissional. Segundo Paulo Skaf, presidente da Fiesp, serão colocadas “tantas vagas quantas forem necessárias”.
Todas essas ações serão inúteis se, do lado dos juros, o BC não cair na real.