Os bancos continuam mantendo resultados astronômicos. É o que se conclui do cruzamento de dados de estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), sobre o desempenho dos bancos no ano passado, e os resultados das três maiores instituições privadas do país (Itaú Unibanco, Bradesco e Santander) em 2011.
A nota técnica do Dieese indica que o setor, em 2010, mantinha 486 mil postos de trabalho, crescimento de 15% em relação a 2006. Lembrando que parte dessas vagas foram conquistadas nas campanhas nacionais de 2008 e 2009, junto ao Banco do Brasil e Caixa Federal.
Do total de empregos, 454 mil estão nos seis maiores bancos, ou seja, a concentração aumentou devido a fusões e incorporações como as do Itaú e Unibanco, Santander e Real, BB e Nossa Caixa. Os números não levam em conta outros trabalhadores que prestam serviços aos bancos, como terceirizados, correspondentes e promotores de crédito.
Se os empregos cresceram 15%, os resultados dos bancos foram ainda melhores. Entre 2006 e 2010 o lucro líquido dos dez maiores aumentou 97%.
Além disso, o setor bancário brasileiro está altamente concentrado em poucos grupos que atuam na forma de holdings financeiras. Dados de dezembro de 2009, do Banco Central, mostraram que somente os seis maiores grupos detiveram mais de 50% dos ativos totais do sistema financeiro nacional.
Em 2010, as mesmas seis instituições somaram lucro líquido de mais de R$ 43 bilhões (crescimento de 30% em relação a 2009) lideradas pelo Itaú Unibanco Holding (R$ 13,3 bilhões), seguido pelo Banco do Brasil (R$ 11,7 bilhões) e Bradesco (R$ 10 bilhões). Foram as receitas com operações de crédito e arrendamento mercantil, além das aplicações em tesouraria e as receitas de prestação de serviços que mais contribuíram para esse excelente resultado.
“Assim, fica clara a contribuição do trabalho dos bancários no crescimento do lucro do setor”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira. “O problema é que esse trabalho não vem sendo valorizado como merece. Os bancos distribuem mal os seus lucros, concentrando os maiores valores nas mãos de poucos executivos. E, diante do crescimento da demanda por serviços, podem e devem contratar mais para tornar menos estressante a rotina dos bancários”, destaca a dirigente, lembrando que nos próximos meses os bancários dão início à Campanha Nacional Unificada 2011.
“Vamos para a mesa de negociação debater melhorias para os trabalhadores de um setor que cresceu vertiginosamente nos últimos anos. Os bancos podem melhorar salários, participação nos lucros e empregar mais bancários, para atender melhor aos clientes dentro das agências bancárias.”
Lucros em 2011 continuam crescendo
Os três maiores bancos privados do país divulgaram seus lucros para o primeiro trimestre de 2011 e o resultado segue o mesmo rumo de crescimento dos últimos anos.
O Bradesco chegou aos R$ 2,7 bilhões, montante 28% mais alto que o apurado no mesmo período de 2010. Já no Santander Brasil, o lucro entre janeiro e março chegou à casa dos R$ 2,071 bilhões, 17,5% maior que o primeiro trimestre do ano passado. O Brasil contribuiu com cerca de um quarto do lucro mundial da instituição espanhola.
No Itaú, que divulgou seu resultado na terça-feira 3, o lucro líquido foi de R$ 3,53 bilhões no primeiro trimestre de 2011, 9,15% mais que o mesmo período de 2010.
“Estamos chegando às vésperas da nossa campanha salarial com números que indicam que os bancários devem estar mobilizados para exigir mais dos bancos. O Sindicato vai manter a luta para que as instituições financeiras propiciem melhores condições para todos os trabalhadores a partir de uma remuneração mais justa. E também para que os lucros dos banqueiros não venham nem à custa da saúde do trabalhador nem a partir de juros altos que emperram o crescimento da economia”, diz Juvandia.