Na quarta-feira, 26, o governador Arruda (DEM) mais uma vez resvalou de posição quanto ao futuro do Banco Regional de Brasília. Desta feita, seu discurso protagonizou um espetáculo que, não fosse a defasagem de tempo e desperdício de energias, para a instituição e sobretudo para seus funcionários, seria realmente positivo, apesar de absolutamente desnecessário.
Ao reunir em auditório restrito a diretoria do BRB e uma parcela do segmento gerencial, deixando de fora o conjunto dos funcionários, o governador anunciou o lucro recorde de R$ 71,8 milhões relativo ao primeiro semestre. Anunciou também a expansão do banco com agências a serem criadas em Campo Grande e Cuiabá, visando, segundo ele, ao projeto de um banco regional do Centro-Oeste. Resta conferir a existência, a consistência e a finalidade desses até agora propagandeados projetos.
Anunciou também novo concurso, que já estava decidido, em boa parte devido à pressão do Sindicato baseada na palpável insuficiência de funcionários nas agências.
O governador disse, e repercutiu na imprensa, a exemplo de matérias desta quinta-feira (27) no Correio Braziliense e no Jornal de Brasília, que agora teria recuperado o banco e, com a superação da “crise”, mais a rentabilidade, não insistiria em sua venda.
Para o secretário de imprensa do Sindicato e funcionário do BRB, Eustáquio Ribeiro,”nunca houve crise econômico-financeira nem institucional do BRB; o que ocorreu foi uma crise de gestão, de sucessivas diretorias incompetentes, que não se limitou à operação Aquarela, mas atingiu também o então presidente do BRB, nomeado por Arruda, Roberto Figueiredo, preso pela PF por envolvimento na operação Navalha, que desvendou esquema de corrupção”.
O fato é que o próprio governador tentou aparelhar o banco com o que houve de pior em gestores de banco, pois aproximadamente um mês depois os então diretores também nomeados por Arruda, Luiz Franscisco Monteiro de Barros Neto (conhecido também por “Chico Picadinho”) e Valderi Albuquerque, de triste passagem pela CEF e pela Nossa Caixa de SP, também envolvidos em operações nebulosas nesses respectivos bancos, pediram demissão do BRB.
Ato contínuo o governador iniciou conversas com o BB publicando inclusive fato relevante sobre a possibilidade de venda do BRB.
“Dito isto, o Sindicato lamenta a demora para o mandatário do executivo local em ver o que sempre vimos e dissemos claro: a força do BRB enquanto banco público do DF e o profissionalismo de seu corpo funcional são grandes”, diz o presidente do Sindicato, Rodrigo Britto.
A postura atual do governador corrobora tudo aquilo que o Sindicato afirmava já em meados de maio de 2007, no mesmo dia em que o mesmo governante declarava em fórum empresarial de São Paulo, que o mesmo BRB era inviável e que iria PRIVATIZÁ-LO.
O contraditório governador declarava também que o Estado era incompetente para gerir banco e que a sobrevivência do BRB estava seriamente ameaçada, especialmente a partir de 2012, com a portabilidade das contas-salário.
A contradição se estende ainda pelo fato de Arruda, conforme também a matéria desta quinta (27) do Correio, entre outras, não ter vendido o banco porque não conseguiu o preço que queria, ou seja, se tivesse recebido proposta financeira que o satisfizesse, teria sim efetuado a venda.
O Sindicato, que sempre esteve na linha de frente de defesa do BRB, em campanha pela defesa do banco, junto aos bancários e bancárias, provocando a Frente Parlamentar em Defesa do BRB na Câmara Legislativa, percorrendo todas as cidades do DF em diálogo e denúncia junto à clientela e à população, cobra coerência do governador Arruda.
Que ele tome atitudes concretas que afastem de vez estas especulações sobre o futuro do BRB, por exemplo publicando novo Fato Relevante em comunicado oficial à CVM e ao mercado que desfez as tratativas com o BB, pois o que transparece desta inação do governador é que, em que pese seu discurso, se houver proposta concreta de valores que o agradem, ele vende o banco.
Por fim, do ponto de vista estritamente sindical, “esperamos que o lucro recorde se transforme, coerentemente, em valorização efetiva aos principais atores responsáveis: todos(as) os funcionários(as) do BRB, que já estão em campanha salarial ao lado da categoria bancária em nível local e nacional”, diz André Nepomuceno, secretário-geral do Sindicato e funcionário do BRB.
PLR
De acordo com comunicado da direção do banco, o crédito da PLR, bem como do PPR (Programa de Participação nos Resultados), será feito em 1º de setembro.