“Com a representação de 22 Estados e 595 votos a favor, pela primeira vez na história do movimento docente a nível nacional, teremos um Sindicato que, de fato, vai representar todos os professores do ensino público federal. Esse Sindicato ora formado é na verdade a consolidação de um trabalho de vários anos, que tem sido feito pelo Proifes-Fórum, fundado em outubro de 2004, e que desde então, tem defendido os professores em todas as instâncias em nosso país”, comemorou Gil Vicente Reis de Figueiredo, professor de matemática da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), recém-eleito presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Federal (Proifes-Sindicato).
Composta pelas principais lideranças docentes do país, a diretoria eleita é também composta por Eduardo Rolim de Oliveira (UFRGS), vice-presidente; Eliane Leão (UFG), diretora administrativa; Elenize Cristina Oliveira da Silva (UFRR), vice-diretora administrativa; José Maria de Sales Andrade Neves (UFC), diretor administrativo e João Eduardo da Silva Pereira (UFSM), vice-diretor administrativo.
A fundação da nova entidade se dá num momento de completo esvaziamento da Andes (Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior), esgarçada ao limite pela partidarização realizada pelo PSTU/Sem lutas. Como alternativa a esta instrumentalização, foi criado em 2004 o Proifes (Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior) que, desde então, tem encaminhado as reivindicações da categoria e comandado as mobilizações.
Avanços e conquistas
“Em 2005, o Proifes defendeu os professores e conseguiu avanços importantíssimos, como a melhoria do percentual da AGED para os aposentados, aumento do incentivo titulação, reposição de perdas salariais. Em 2007 e 2008 conseguimos muito mais: participamos do Grupo de Trabalho Nacional para definir novas relações do Estado brasileiro com o conjunto dos trabalhadores do setor público, relação essa que passa pela obrigação do Estado de negociar com todos eles”, ressalta Gil Vicente. Para isso, lembra, “trabalhamos juntamente com a bancada sindical, que são quase 20 associações representantes de trabalhadores do setor público de todo o Brasil, produzimos um Projeto de Emenda Constitucional para criar obrigações do Estado – em todas as esferas, federal, estadual e municipal – de negociar com seus trabalhadores, e criamos dois PLs complementares. Além disso, participamos de uma campanha que representou avanços históricos para a nossa categoria e que resultou na imensa melhoria do teto salarial para todos nós, valorizando a nossa carreira, conseguiu que os professores do ensino básico e superior passassem a ter carreiras similares, com rendimentos e remunerações semelhantes pelo mesmo trabalho, o resgate dos aposentados… De maneira que este ato consolida o trabalho de todos nós durante todos esses anos, pois finalmente cria uma instância que nos representará e terá imenso sucesso. Viva o Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Federal”, comemorou Gil Vicente. Em sua intervenção na mesa, Gil fez um “agradecimento especial” à contribuição de Lúcia Reis, diretora nacional da CUT responsável pelo Escritório de Brasília: “é uma companheira que contamos sempre nos principais momentos e embates”.
Ao fazer uso da palavra, Lúcia fez um breve histórico do processo de construção da nova entidade. “O Proifes ainda quando era Fórum encaminhou importante mobilização e articulação para que a negociação 2007/2008 já servisse para a valorização, para a recuperação dos salários, tratamento isonômico entre ativos e aposentados, aproximação das tabelas dos professores do ensino básico, médio e universitário. O Proifes hoje, com essa assembléia, consagra com a fundação desse Sindicato, um esforço que já vem de algum tempo. A CUT parabeniza todos os professores, foi um prazer participar desse processo e estar aqui. Espero que os professores recuperem a sua capacidade de mobilização e tenham na referência desse novo Sindicato um instrumento importante para a luta não apenas que diz respeito aos professores das universidades públicas federais, mas em defesa da educação pública, que é um instrumento fundamental para as mudanças que a gente tanto sonha para o nosso país”, destacou Lúcia.
Momento histórico
O secretário de Política Sindical da CUT, Vagner Freitas, ressaltou “o momento histórico para a democracia no movimento sindical brasileiro”. Segundo Vagner, “a criação do Proifes demonstra que o corpo docente das universidades federais é extremamente organizado e consciente e que a partir de agora, teremos a defesa do direito dos professores colocada em primeiro nível”. “A Central Única dos Trabalhadores está muito feliz por esta assembléia ter acontecido em sua sede e estamos aqui não só para apoiar, mas para dizer que em todas as lutas desenvolvidas pelo Proifes, que temos certeza serão muitas, os professores terão nossa central como sua parceira principal. A CUT se sente engrandecida. É a maior central sindical do país, são 25 anos de história organizando os trabalhadores do campo e da cidade, das fábricas, dos bancos, das universidades, do setor público, demonstrando a firmeza e a saúde da CUT. Este é um grande dia para todos nós”, enfatizou Vagner.
De acordo com João Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT, “há muito tempo que os docentes do ensino superior mereciam uma organização sindical que os representasse. Um Sindicato enraizado na base, localizado em todas as universidades federais, para que a vontade e os anseios da categoria se expressasse em seu interior. Acredito que isso ocorreu, com a criação, na sede nacional da CUT, de um Sindicato com essas características, que saiba fazer a relação entre a reivindicação trabalhista da categoria e os problemas gerais que ocorrem no país”. “Eu sei que esse Sindicato nasce de forma unitária, com uma representação altíssima na grande maioria dos Estados e que vai dar muita alegria às universidades brasileiras, muita alegria aos docentes do ensino superior e aos alunos, pois é um Sindicato que além de pautar questões relativas à categoria também pauta a melhoria da qualidade do ensino nas universidade, a ampliação das vagas públicas. É um Sindicato que já nasce com agenda de luta e mobilização, com uma agenda que para nós é fundamental, pois nasce na sede de uma central sindical como a CUT, que tem todas as categorias profissionais deste país filiadas a ela. Portanto, é uma entidade que estabelece a unidade entre os professores do ensino superior e as demais categorias para somar por melhores condições de vida e trabalho, e por um país mais justo. Parabéns ao Proifes e à categoria, que merece um Sindicato de luta, combativo e representativo”, sublinhou João Felício.
Parceria
A secretária Nacional de Organização da CUT, Denise Motta Dau, falou sobre a estreita parceria desenvolvida pela Central e a categoria, particularmente no último período. “Nós estamos acompanhando a mobilização dos professores do ensino superior desde quando foi criado o Fórum Nacional do Ensino Superior. O Fórum elaborou diversas agendas, diversas pautas de reivindicação, consolidando principalmente em 2007 uma negociação nacional que alterou os salários, a carreira, a questão da paridade entre os professores da ativa e os aposentados, trazendo diversos benefícios para a categoria”. Com isso, ressaltou Denise, “se contrapondo ao sindicalismo partidarizado que alguns setores do ensino superior vem protagonizando, infelizmente, em nosso país”. “Por isso a fundação do Proifes-Sindicato, na data de hoje, 6 de setembro, é histórica, porque consolida uma prática sindical que junta mobilização, elaboração de políticas para o ensino público, com pressão, com greve, consolidando um sindicalismo verdadeiramente autônomo e com liberdade sindical. Esta é uma data histórica em que a gente espera, com esta organização a nível nacional, que a nova entidade traga ainda mais conquistas para os professores e o para o ensino público de nível superior. A categoria está de parabéns e pode contar nesta jornada, mais uma vez, com a Central Única dos Trabalhadores”, declarou.
Para o vice-presidente do Proifes, Eduardo Rolim, também presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ADURGS), este é um momento extremamente histórico porque uma das mais importantes categorias do país, “tanto do ponto de vista sindical quanto do pensamento, até hoje não era representada por nenhum sindicato”. “Por isso vieram todos, numa perspectiva democrática, buscar sua representação legítima e legal. Este processo que nós vivemos começou há pelo menos quatro anos, quando os professores decidiram se organizar e formar uma nova alternativa, o que marcou o panorama do movimento sindical brasileiro. Do ponto de vista corporativo, passamos a ter uma nova forma de reivindicar, com a satisfação dos nossos interesses econômicos, com uma negociação salarial que acabou de ser implementada. Esse processo traz de volta um Sindicato enorme, com 100 mil pessoas na base, traz de volta novas perspectivas, uma nova leitura da luta da classe trabalhadora, unificada. Entendemos que a unidade dos trabalhadores é fundamental para o país, assim como a liberdade e a autonomia sindical, que foram consagrados nos dias de hoje”, destacou Eduardo Rolim.
A professora e líder goiana Eliane Leão sublinhou que o novo “Sindicato Nacional vai dar voz e força para todos os professores das universidades federais deste país”. “Fomos apoiados por um grupo que conseguiu, unanimemente, propor para o país uma solução de representatividade que nós necessitávamos. Contra fatos não há argumentos. Todos, juntos, conseguimos formar uma entidade que dará novos rumos para o movimento sindical do país, com engajamento e dedicação em prol do sistema público federal”, concluiu.