Lançamento em Curitiba do livro A Privataria Tucana relembra Banestado

Na noite de quinta-feira, dia 19, o jornalista Amaury Ribeiro Jr lançou em Curitiba o seu livro de jornalismo investigativo A Privataria Tucana. Com um auditório lotado, o debate sobre as denúncias contidas na obra teve início com a participação do diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Eustáquio Moreira dos Santos, representando a entidade.

Eustáquio expôs para o autor e aos presentes a devastação que a privatização do Banestado, ocorrida em 2000, trouxe para a vida dos funcionários do banco e de todos os paranaenses que, mais de dez anos depois, arcam com a dívida que a venda do banco estadual deixou para o Paraná.

“Nós, bancários, penamos com a privataria tucana. Até o ano de 1994, o Banestado tinha mais de 13 mil funcionários trabalhando em 392 agências, 90% delas no Paraná. Atualmente, restam 1,5 mil bancários e uma dívida de R$ 15 bilhões”, expôs o sindicalista, que era trabalhador do Banestado e, como outros que restaram, foram incorporados ao Itaú.

Amaury escreveu A Privataria Tucana denunciando a lavagem de dinheiro das privatizações ocorridas nos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso na presidência do Brasil, período em que José Serra era ministro. O jornalista utilizou documentos sigilosos a que teve acesso nos processos em que o político paulista foi réu e pesquisou a rota do dinheiro em paraísos fiscais, que o levou a aliados e familiares de Serra.

O autor relembrou, durante o debate, que ele foi o primeiro jornalista a publicar denúncias contra o Banestado, na revista Isto É Dinheiro, e avalia que o banco paranaense foi a maior lavanderia de dinheiro do país. Ele citou os doleiros já condenados pela Justiça Federal, que utilizaram as contas CC-5 para mandar dinheiro para a sede do banco em Nova Iorque.

O livro foi publicado no final de 2011, possui imagens de farta documentação, que, de acordo com o autor, foi entregue ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal após o lançamento do livro. Os documentos comprovam, por exemplo, que a filha de Serra era sócia da irmã de Daniel Dantas, fato negado por ambas.

Também comprovam que o genro de Serra teve dívidas milionárias “perdoadas” com o Banco do Brasil. E que fundos de pensão, como a Previ, financiaram empresas privadas nos leilões de privatização, sem ao menos ter o controle acionário das estatais compradas.

Repercussão

O livro foi omitido pela imprensa hegemônica. Amaury disse que a primeira revista a falar sobre a obra foi a Carta Capital e que, depois disso, a blogosfera se encarregou que repercutir.

A única emissora de televisão que falou do lançamento do livro foi a Record, empresa em que Amaury trabalha. A revista Veja chegou a omitir o nome do livro na lista dos mais vendidos.

O deputado federal Protógenes Queiroz recolheu assinaturas para a abertura de uma CPI da Privataria na Câmara. O requerimento já foi protocolado e será analisado após o final do recesso parlamentar, no início de fevereiro. Amaury acredita que a CPI é o meio mais rápido para que alguma providência seja tomada contra os fraudadores.

Ele afirmou que as privatizações não trouxeram nenhum benefício para o país. “O pior é que elas foram montadas para roubar dinheiro e para enriquecer”, disse o jornalista.

Na próxima edição da revista Bancári@s, que circula em fevereiro, o Sindicato publica uma entrevista exclusiva com Amaury Ribeiro Jr, concedida no período que esteve em Curitiba para o lançamento do livro.

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