O CineBancários lotou na noite de quarta-feira, dia 11, durante o lançamento do DVD “A Década da Perversidade – Do Brasil ao RS, de Collor a FHC”. Após a exibição do documentário foi realizado um debate mediado pelo presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Juberlei Baes Bacelo, que contou com a presença do presidente nacional da CUT, Artur Henrique da Silva, e do diretor e roteirista do filme, Hique Montanari.
Tendo como ponto de partida um momento em que a força do movimento sindical e a volta da democracia ainda eram comemoradas, o documentário recupera, com depoimentos de quem lutou contra ou foi atingido pelas demissões numa década perversa, que se iniciou com a chegada de Collor e do neoliberalismo ao governo federal. Como consequência do novo modelo econômico, o Estado enfraquecia com a venda de suas empresas estatais. O trabalhador, por sua vez, era demitido.
“O documentário ganha ainda mais importância quando percebemos que os meios de comunicação não resgatam esse período que precisa ser lembrado. A sociedade deve ter conhecimento do que foi feito com o nosso país ontem para se saber que caminho seguir hoje e amanhã”, afirmou Juberlei.
Artur parabenizou o SindBancários pela iniciativa e elogiou a qualidade do documentário. “Esse projeto é um exemplo para outras categorias. Com a economia do país crescendo, a geração que tinha quatro, cinco anos quando ocorreram esses crimes contra o Brasil, hoje está ingressando no mercado de trabalho. Precisamos mostrar como fomos tratados e contra o que lutamos”, observou o presidente da CUT.
“Acredito que muitos colegas se sensibilizaram ao ver o documentário. As privatizações atingiram várias categorias”, continuou Artur. Para ele, o filme referenda a importância do debate político. “Enquanto os trabalhadores discutiam como resistiriam às demissões, a mídia apresentava o Brasil como um grande elefante branco. Somente 11 anos após o Estado vender suas empresas a população percebeu que os serviços não melhoraram e os preços não baixaram. A privatização não foi algo bom para o país”, concluiu Artur.
Juberlei explicou que “A Década Perdida” faz parte de uma trilogia iniciada com o documentário “A Greve de 79”. A década de 90 deverá ser o último a virar filme. “Invertemos a ordem porque definiremos este ano o rumo do nosso país. Este documentário irá auxiliar neste debate, recuperando um passado nem tão distante. Muitos personagens que apareceram na tela continuam na vida pública”, lembrou o presidente do SindBancários.
O período retratado, fim dos anos 80 e começo dos 90, pode não parecer tão distante de hoje. Episódios como as privatizações dos bancos não ficaram no passado. Notícias sobre a privatização do Banrisul periodicamente voltam a ser estampadas nas páginas dos jornais.
O assédio moral também continua a ser uma realidade. Tanto que o fim da prática é um dos principais tópicos da Campanha Salarial deste ano.