(São Paulo) Mais de quinhentos bancários do país inteiro construíram nesta terça-feira, dia 14, uma grande manifestação em Brasília que marcou o lançamento oficial da Campanha Nacional deste ano. Ainda no período da manhã, a Contraf-CUT entregou a pauta de reivindicações específicas dos funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para as duas empresas. À tarde, os bancários e os metalúrgicos foram até o Supremo Tribunal Federal para denunciar o abuso dos interditos proibitórios que sempre atrapalham as atividades das campanhas salariais.
O dia cheio dos bancários começou logo pela manhã. Nas primeiras horas do dia, caravanas vindas dos quatro cantos do Brasil chegavam a Brasília. Os trabalhadores foram recepcionados com um café da manhã e começaram a se concentrar em frente aos edifícios-sedes do BB e da Caixa.
Com as ruas do entorno tomadas, os bancários iniciaram o ato oficial de lançamento da Campanha Nacional 2007 e chamaram a atenção da sociedade com uma grande queima de fogos. Cartazes, faixas e balões anunciaram o lema dos trabalhadores para a luta que se seguirá pelas próximas semanas.
“A gente vale mais é o lema que os bancários adotaram. Os bancos só pensam em números, olham para os clientes e para os seus funcionários e enxergam lucro. Hoje em dia, a maioria dos usuários é atendida por máquinas e ainda paga tarifas cada vez mais exorbitantes. A gente – bancários e clientes – vale mais. O Brasil vale muito mais e os bancos – como o setor que mais ganha dinheiro no país – não fazem nada para melhorar as condições dos brasileiros”, afirma Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT.
Pauta entregue ao BB e CEF
Os bancários dos dois maiores bancos públicos do país entregaram nesta terça-feira sua pauta de reivindicações específicas para as empresas. A minuta dos funcionários do Banco do Brasil foi recebida pelo presidente da instituição, Antonio Francisco de Lima Neto, e a da Caixa pelo vice-presidente da área de gestão de pessoas, Carlos Gomes. Além da Contraf-CUT, participaram da entrega das pautas os membros do Comando Nacional e os diretores da CUT, Jacy Afonso e Adeílson Teles.
A entrega da pauta específica aconteceu no mesmo dia em que o BB divulgou o lucro do primeiro semestre deste ano, que chegou a incríveis R$ 2,5 bilhões. “Destacamos que o Banco do Brasil tem todas as condições de atender nossa pauta de reivindicações. O fato de o presidente Lima Neto ter recebido pessoalmente nossa minuta foi muito positivo, mas esperamos que o ato se traduza em seriedade na hora de negociar”, diz Marcel Barros, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.
No período da tarde, a Comissão participou de uma reunião com a direção do Banco do Brasil, que apresentou aos representantes dos funcionários um novo programa que visa melhorar a qualidade de vida no trabalho. “A iniciativa é ótima, prevê pausas para os bancários fazerem exercícios e tudo mais. O problema é que o banco sequer cumpre a pausa obrigatória de dez minutos para quem digita e, agora, me aparece com este programa. Tememos que na prática ele não exista e que se transforme em mais uma peça para o marketing do Banco do Brasil”, destaca Marcel.
No mesmo dia, a Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE) também reuniu-se com a empresa para a entrega da minuta. “Agora começa a Campanha pra valer e os bancários devem estar mobilizados para participar das atividades que os sindicatos vão organizar. Temos uma longa jornada de luta pela frente e temos que pressionar, porque banco não cede em nada se não for assim”, afirma Plínio Pavão, coordenador da CEE.
Embora a primeira rodada de negociações do BB e da Caixa ainda não tenha sido marcada, os empregados da CEF já têm uma reunião com o banco na próxima quinta-feira, dia 16. O objetivo é discutir o pagamento das participações do Saúde Caixa não cobradas entre março de 2005 a março de 2007.
Interditos
O dia dos bancários em Brasília terminou por volta das 18h. O último compromisso foi a reunião com o assessor-geral da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), Vilmar Néri. Representantes da categoria e dos metalúrgicos explicaram o problema que os trabalhadores enfrentam com os interditos proibitórios.
O interdito proibitório serve para que o dono de um imóvel ocupado reassuma a posse da sua propriedade, mas os bancos utilizam o interdito de forma equivocada para “garantir a posse” das agências e acabar com qualquer manifestação dos seus empregados.
No Supremo Tribunal Federal, bancários e metalúrgicos impetraram uma Argüição de Descumprimento de Preceitos Fundamentais (ADPF) para conter os interditos dos patrões.
Fonte: Contraf-CUT