Justi‡a condena Bradesco por “modelo cruel de gestÆo”

(São Paulo) O assédio moral do Bradesco, as metas exacerbadas e a ganância do banco para lucrar cada vez mais – denúncias que o movimento sindical bancário sempre fez – foram reconhecidas agora pela Justiça, que condenou a empresa por “modelo cruel de gestão” contra os empregados.

 

Na sentença, a juíza Márcia Novaes Guedes escreve que "para ampliar ainda mais o volume das vendas e o já extraordinário ganho este ano (o Bradesco aumentou em 27% seu lucro líquido), o banco emprega a pressão psicológica e a ameaça da dispensa".

 

A ação foi ajuizada por Joyce Dias Machado, contratada como escriturária na agência de Guanambi (796 km de Salvador), mas que trabalhava como caixa. Por assédio moral cometido contra a bancária, o Bradesco foi condenado, em reclamatória trabalhista, ao pagamento de indenização que – somada a outras parcelas – chega a R$ 150 mil. A cifra corresponde a 100 vezes o valor do último salário da reclamante.

Segundo a juiza, "o banco não contrata vendedores, contrata escriturários". Para ela, mesmo sem talento e vocação para vendas, os bancários são obrigados a vender. "O Bradesco  é também um supermercado de papéis e os empregados, sem exceção, são obrigados a acumular a dupla função de bancário propriamente dita e de vendedor de papéis e serviços", diz a sentença da juíza.

Para condenar o Bradesco, a Justiça aceitou as provas de que "a autora trabalhava cerca de nove horas diárias, com apenas 15 minutos de intervalo para repouso e alimentação e, pressionada, solicitava auxílio aos colegas mais experientes para ajudá-la a cumprir as metas".

De acordo com o presidente da Contraf-CUT, Vagner Freitas, a decisão da Justiça confirma o que os bancários sabem há muito tempo: o banco privado que mais lucra no país é campeão em explorar os empregados. “O assédio moral no Bradesco é enorme. O banco impõe metas inatingíveis e, para que os bancários vendam cada vez mais, pressiona e ameaça de todas as maneiras, constrangendo o trabalhador. O caso da bancária de Guanambi é um entre muitos outros e sua condenação abre espaço para que novas ações sejam impetradas. Todos esses problemas são temas de nossas campanhas salariais há muito tempo, mas o Bradesco nunca demonstrou disposição para resolvê-los. Quem sabe agora, com a interferência da Justiça e com o Bradesco sentindo no bolso, o banco comece a discutir esses temas com seriedade”, afirmou.

 

Vagner ressaltou que a sentença da juíza Márcia Novaes Guedes é impecável. “Eu poderia falar muito sobre os problemas que os bancários do Bradesco enfrentam no seu dia-a-dia. Mas a sentença da juíza é tão forte, que basta as pessoas lerem para entender como o banco explora seus funcionários sem pena”, comentou o presidente da Contraf-CUT.

 

Entre os pontos que Vagner destaca da sentença estão constatações importantes, como estas:

 

(O Bradesco impõe um) "cruel modelo de gestão de levar os trabalhadores a acreditarem que produzindo à exaustão teriam seus empregos poupados e garantidos”.

 

"Para minimizar o grave problema das filas e da aglomeração de clientes do lado de fora da agência, o Bradesco vem abrindo as portas uma hora antes do expediente e instalando caixas eletrônicos em pontos estratégicos da cidade”.

"Se há filas é porque não há pessoal suficiente para atender a clientela durante o expediente externo e se a autora cumpria jornadas de nove horas não pode ser considerada improdutiva”.

 

Fonte: Contraf-CUT, com informações do Espaço Vital

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