(São Paulo) A queda da taxa básica de juros ao longo de 2006 não chegou ao cidadão que foi aos bancos tomar empréstimos pessoais ou que teve de sacar dinheiro da conta do cheque especial. Ao longo de 2006, a taxa básica de juros estipulada pelo Banco Central teve uma queda de 26%. Já a taxa média de juro cobrada pelos bancos para fazer um empréstimo pessoal no estado de São Paulo caiu 2,6%: 10 vezes menos.
O balanço sobre o juro cobrado do consumidor final foi divulgado hoje (27) pela Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor do Estado de São Paulo (Procon-SP).
A taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) estava em 18% ao ano em janeiro e caiu para 13,25% em dezembro. O corte de 4,75 pontos percentuais representa uma queda de 26% da Selic. Já o juro pago por empréstimos pessoais caiu de 88,42% ao ano, em janeiro, para 86,07%, em novembro. A queda de 2,35 pontos percentuais representa um corte de 2,6%.
A taxa Selic é mantida ou ajustada regularmente pelo Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central. Ela é considerada a taxa básica da economia por ser aplicada diariamente nos financiamentos lastreados em títulos federais, o que a torna baliza de juros do comércio e do crédito pessoal.
A taxa média cobrada pelos bancos públicos e privados em São Paulo este ano ficou em 5,36% ao mês nos empréstimos pessoais e em 8,20% para dinheiro sacado sem lastro no cheque especial, o que equivale a taxas anuais de 86,07% e 156,13%, respectivamente. Isso significa que uma pessoa que sacasse R$ 1 mil nos bancos em janeiro e honrasse o dinheiro em doze vezes, sem atrasos, pagaria R$ 1.860,70 no empréstimo pessoal e R$ 2.156,13 no cheque especial.
O balanço do Procon-SP abrangeu dez bancos, entre os quais os bancos públicos Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil e a Nossa Caixa, este do governo paulista. Foram incluídos os bancos privados Bradesco, Itaú, Unibanco, Real, Santander, HSBC e Banespa.
"O Procon-SP constatou que o movimento das taxas médias, tanto do empréstimo pessoal quanto do cheque especial foi, fundamentalmente, de queda, ao contrário do que ocorreu em 2005”, diz o comunicado da fundação, que destaca que “as variações foram pequenas, assim como as respostas às variações mensais da taxa Selic".
De acordo com o Procon-SP, “o custo do dinheiro para os bancos e financeiras, cujo balizador é a projeção dos juros futuros, deixou de ser o fator de maior peso na composição da taxa na ponta, cedendo lugar a outros fatores: custo das restrições monetárias (depósitos compulsórios), custos operacionais, carga tributária e inadimplência. Não podemos esquecer, contudo, que o lucro também é um fator de peso na composição das taxas de juros e que os bancos brasileiros continuam a registrar rentabilidade elevada e excelente margem de lucro Todos esses fatores compõem o chamado ‘spread’ bancário – diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos no mercado e o que cobram do consumidor – que continua muito alto”.
Fonte: Paulo Montoia – Agência Brasil