Os riscos nada desprezíveis que o mercado financeiro europeu enfrenta impõem a necessidade de uma injeção de recursos de 80 bilhões de euros (R$ 178 bilhões) em 20 entre 27 grandes bancos da região.
A conclusão é do banco norte-americano JP Morgan, que aponta um cenário mais sério do que o traçado pelo BCE (Banco Central Europeu) na semana passada.
Ao analisar os perigos para 90 bancos – realizando um chamado “teste de estresse” -, o BCE concluiu que oito precisam de injeção de capital de 2,5 bilhões de euros.
Em relatório recém-divulgado, o JP Morgan diz que o teste feito pela autoridade monetária europeia tem “valor limitado” porque não considerou o impacto da provável reestruturação das dívidas de países europeus nos balanços de bancos que possuem títulos das dívidas públicas dos mesmos.
Além de tentar mensurar esse impacto, o JP Morgan também levou em conta no seu teste uma exigência mínima de capital próprio dos bancos mais elevada do que a considerada pelo BCE.
O JP Morgan adotou essa metodologia para refletir o aumento do nível mínimo de capital próprio que as instituições financeiras precisarão adotar de forma gradual a partir de 2012 (parte do acordo de Basileia 3).
O capital próprio é uma medida da capacidade de uma instituição financeira de realizar empréstimos e resistir a choques. Para aumentar seu nível de capital próprio, um banco pode, por exemplo, reduzir o volume de dinheiro que empresta.
O JP Morgan considerou que os bancos precisam manter um nível mínimo de capital em relação ao seu ativo total (que inclui operações de crédito) de 7%. O teste feito pelo BCE utilizou 5% como piso para capital próprio.
REESTRUTURAÇÃO
Além disso, o JP Morgan trabalhou em seu cenário de riscos com a premissa de que cinco países europeus – Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália – precisarão reestruturar suas dívidas.
No caso da Grécia, isso envolveria uma redução de 40% do valor total da dívida. O percentual cai para 30% para Irlanda e Portugal e de 10% para Itália e Espanha.
Os resultados do teste feito pelo BCE foram, de forma geral, recebidos com incredulidade pelo mercado.
Analistas do banco britânico RBS (Royal Bank of Scotland) afirmaram que, para cumprir as novas regras de Basileia, 57 dos 90 bancos avaliados pelo BCE precisariam de uma injeção de recursos de 90 bilhões de euros caso tenham de levar em consideração a queda no valor dos títulos que possuem em suas carteiras.