Alguns dos 25 mil funcionários do lendário banco de investimento Lehman Brothers foram vistos, na noite de sábado, deixando a sede da instituição, na elegante Sétima Avenida, esquina da rua 50, em Manhattan, com seus pertences de escritório. Era um sinal de que o fim da instituição de quase 160 anos poderia estar próximo. De fato, no domingo à noite, segundo os sites de jornais americanos e europeus, tudo indicava que a holding do Lehman Brothers seria liquidada, nos termos da lei de falências americana.
Num domingo frenético e sangrento em Wall Street, também outro ícone do mercado financeiro, o banco de investimentos Merryl Lynch, deu passos decisivos para trocar de mãos. No fim da noite, as indicações eram de que o Bank of America chegara a um acordo para engolir a gigante global, ao custo de US$ 50 bilhões.
Há incertezas sobre o futuro dos 60 mil empregados da Merryl Lynch, assim como dos 25 mil do Lehman Brothers e, no fim das contas, sobre o futuro do mercado. A gigante dos seguros American International Group (AIG), por exemplo, necgociava com o Federal Reserve um empréstimo-ponte de US$ 40 bilhões, para manter a cabeça fora d´água. No domingo à noite, a expectativa era a de que não restariam mais do que 72 horas de vida para a holding da megasseguradora, sem tais recursos.
Depois de ajudar o JP Morgan Chase a comprar o banco de investimento Bear Stearns, em março, e a reestatizar as duas imensas agências de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac, o governo americano fincou o pé na posição de não mais socorrer com dnheiro público instituições financeiras em dificuldades.
Mas é quase imposível que o Fed e Tesouro tenham encerrado sua participação no dominó que se instalou no mercado financeiro global. Fora os empréstimos em condições mais favoráveis e outras injeções de dinheiro em instituições capengas, o governo será obrigado a, digamos, colocar óculos escuros, para não enxergar certos descumprimentos de leis, na expectativa de que sejam temporários. Aqui vai só Um exemplo entre vários: se o Bank of America concretizar a compra da Merril Lynch pela quantia ventilada, ficará com capital mínimo abaixo do exigido por lei para suas atividades.
O resumo da coisa é que jorrou sangue do mercado financeiro neste fim de semana. Mas a hemorragia ainda não estancou e tudo indica que ainda virá muita gaze e atadura do governo até curar as feridas.
José Paulo Kupfer é jornalista econômico. Possui o Blog José Paulo Kupfer – crônicas da economia brasileira. O link está disponível pelo site da Contraf na seção de links – leituras recomendadas – blog do José Paulo Kupfer.