Jornada Internacional de Luta cobra respeito e valorização do Santander

Os bancários das Américas realizam nesta quarta-feira (7) uma Jornada Internacional de Luta no Santander, com manifestações em todos os países onde o banco espanhol atua. O objetivo é denunciar o desrespeito aos direitos dos funcionários, a pressão das metas abusivas para venda de produtos, o assédio moral e o uso de práticas antissindicais.

A atividade foi definida pela Rede Sindical do Santander, durante reunião promovida pela UNI Américas Finanças e Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS) no dia 9 de maio, em Assunção.

Uma edição especial do jornal Rede Global Bancária, elaborada em parceria com a Contraf-CUT, está sendo distribuída pelos sindicatos aos funcionários. A capa é igual em todos os países, com versões em português e espanhol, e o verso é específico para as demandas de cada país.

Clique aqui para ler a edição brasileira do jornal.

Os trabalhadores cobram respeito, diálogo social e valorização no trabalho, com direito de sindicalização, negociação coletiva, liberdade de expressão, igualdade de oportunidades e fim das perseguições e discriminações. É inaceitável a utilização de quaisquer medidas que afrontem a organização e a mobilização dos trabalhadores e violem normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“Trata-se de mais uma jornada internacional, que visa fortalecer a unidade de ação das entidades sindicais nas Américas e reforça a luta por um acordo marco global, buscando garantir direitos básicos e fundamentais para os trabalhadores do Santander em todos os países do mundo”, afirma Mário Raia, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT.

A mobilização ocorre após o dia internacional de luta contra as práticas antissindicais, realizado no último dia 23 de maio. Na ocasião, foi denunciada principalmente a ação judicial movida pelo banco no Brasil contra entidades sindicais que fizeram protestos no dia da decisão da Copa Libertadores, em 2011. Novas ações foram ajuizadas posteriormente para tentar calar a voz dos trabalhadores.

“Houve também manifestações contra a repressão do Santander à organização sindical dos funcionários do Sovereign Bank nos Estados Unidos, onde até hoje não há sindicatos de bancários”, destaca o dirigente da Contraf-CUT.

América Latina: 51% do lucro do Santander

O Santander lucrou 2,255 bilhões de euros no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano passado. A América Latina participou com 51% do lucro mundial: Brasil (25%), México (12%), Chile (6%) e demais países – Argentina, Uruguai, Peru e Porto Rico (8%).

O restante veio do Reino Unido (13%), Estados Unidos (12%), Espanha (8%), Alemanha (5%), Polônia (5%), Portugal (1%) e Resto da Europa (5%).

“Se a maioria do lucro do banco vem da América Latina, os bancários daqui não podem continuar sendo tratados como se fossem de segunda classe”, defende Mário Raia.

Lucros bilionários e corte de empregos no Brasil

O Santander Brasil obteve lucro líquido de R$ 2,929 bilhões no primeiro semestre de 2013. Apesar disso, o banco seguiu demitindo trabalhadores e eliminou 2.290 empregos. Nos últimos 12 meses, o corte foi de 3.216 postos de trabalho.

“A extinção de vagas não se justifica. Esse modelo de gestão, baseado na redução de custos, através da rotatividade e da extinção de vagas, piorou ainda mais as condições de trabalho, sobrecarregando e adoecendo muitos colegas e prejudicando o atendimento e a fidelização de clientes”, frisa Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT. Não é à toa que o banco liderou pelo quinto mês consecutivo, em junho, o ranking de reclamações do Banco Central.

Os bancários reivindicam o fim das demissões e da rotatividade, mediante a aplicação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que proíbe dispensas imotivadas. “Cobramos também mais contratações para acabar com a sobrecarga de trabalho e garantir atendimento de qualidade aos clientes e à população, bem como a realocação dos funcionários atingidos por fusões de agências ou extinção de funções”, salienta Ademir.

Os trabalhadores querem ainda o fim das terceirizações no banco e defendem igualdade de oportunidades na contratação, na remuneração e na ascensão profissional, sem quaisquer discriminações.

Milhões para altos executivos no Brasil

Enquanto corta empregos para reduzir custos, o Santander Brasil aprovou um aumento de 37,5% na previsão da remuneração global anual de 2013 para o alto escalão do banco na assembleia dos acionistas, realizada em 29 de abril, em São Paulo. Os 46 diretores estatutários ganharão este ano R$ 364,1 milhões e os 9 membros do Conselho de Administração, R$ 7,7 milhões. Dois acionistas minoritários votaram contra.

Segundo cálculos do Dieese, cada diretor vai receber, em média, R$ 5,6 milhões por ano, o que corresponde a 118,4 vezes o que vai ganhar um caixa no mesmo período.

Enquanto isso, os milhares de funcionários possuem salários que estão entre os menores do sistema financeiro e sem expectativas de carreira, diante da falta de um Plano de Cargos e Salários (PCS) e das distorções existentes nos cargos de mesma função. “Trata-se de uma tremenda injustiça no banco que precisa acabar”, enfatiza Ademir.

Melhores condições de trabalho já!

“A situação nas agências está cada vez mais insustentável, diante da enorme falta de funcionários, das metas abusivas e do assédio moral. Os bancários estão estressados, muitos tomando remédios tarja preta e outros já adoeceram no trabalho e estão afastados”, destaca Maria Rosani, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander.

“O quadro de pessoal das agências está reduzidíssimo. Tem agências fechando ao meio-dia para o almoço dos funcionários que restaram. Os funcionários não aguentam mais. Os bancários reivindicam mudança na gestão do banco”, ressalta a dirigente sindical.

Caixas não podem ter metas individuais

Os bancários querem ainda o cumprimento do comunicado interno do banco sobre as atividades do caixa. No texto, encaminhado aos gerentes gerais e de atendimento na rede de agências, consta que os caixas “não podem estar sujeitos ao cumprimento de metas individuais de venda de produtos bancários. E a avaliação deve ser baseada pelo atendimento”.

Para Rosani, “trata-se de um avanço importante, pois a função do caixa não é vender produtos, mas fazer um atendimento de qualidade aos clientes e à população”. Caso algum caixa continue com metas individuais, ele deve fazer denúncia ao seu sindicato.

Os trabalhadores exigem emprego decente e aposentadoria digna. E que o Santander respeite o Brasil e os brasileiros.

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